30.7.19

De outro lugar


Você diz que sou hábil com as palavras,
mas ainda não encontrei as que conseguiriam descrever com precisão
o alvoroço que se passa dentro quando reencontro
a tua boca
sorrindo, falando, beijando o pé do ouvido frio, a ponta do meu nariz
tanta suavidade, tão encaixados
Os pensamentos entram em curto circuito, as frases não fazem sentido e nem se inteiram
Talvez só os olhos possam traduzir
as ondas quentes que se alastram pelo meu corpo, que dilatam as minhas pupilas
quanto você me toca

Eu poderia recorrer aos clichês, dizer que todos os caminhos apontavam a gente
mas seria inexato
Estaria destinando à superfície uma história que eu tenho a convicção de ser tão além
da nossa vaidade
do que eu já vivi, das esperas limitadas, do controle
Não corresponde a nenhuma premonição, é sempre mais autêntico
Mais digno, mais real

Não brotou da ilusão mas criou raiz pela vontade, pela parceria, sinceridade
às vezes do verbo, muito mais da disponibilidade da alma
E todo dia aprendo um pouco contigo sobre a liberdade que existe
em precisar de alguém, sem posse,
em desejar fazer parte da tua felicidade enquanto eu puder contribuir com ela

Você é ponto fora da curva, quebra de expectativa, a elevação dela
A surpresa, a vontade de arriscar mesmo com medo, mesmo com o ego, o novo
O toque do sol na pele depois de dias de chuva
as borboletas que dançam no estômago enquanto escrevo, repenso e tento escolher termos que consigam expressar o infinito
entre nós dois.

(Demorei certo tempo pra conseguir redigir esse texto, pensando na imensidão que ele não dá conta, ainda. Mas, se eu conseguisse descrever com tanta precisão, talvez não fosse tão bonito tudo o que eu sinto quando olho pra você. É só o começo. Está em construção, assim como as minhas palavras).

Te agradeço por me proporcionar esses sentimentos incríveis e potentes,
que me fazem grande, imbatível.
E por me fazer admirar alguém como nunca na vida.
Eu te amo de outro lugar.

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