8.8.19

Sinestesia


Eu desejo que você possa, um dia,
se ver como eu te vejo
intenso, potente, possível
Capaz de ser a faísca que gera o fogo incandescente
Capaz de ser água que banha os olhos tristes e fundos
de conquistar o mundo sem tanto alarde
Assim como se apoderou do meu

Não houve resistência ou vontade contrária
O universo se encarregou da surpresa esperada
De alguma forma, já fazia parte do caminho,
as nossas histórias se cruzaram em algum ponto do instante que passou e segue
Deságua no nosso espaço infinito
o agora

Enxergo você
e me enxergo em você
na pureza das lentes que sentem as pessoas, na birra e no sorriso largo de criança
Até em uma certa arrogância na certeza sempre ponderosa da dualidade
No jeito bonito de se proteger do amor que a gente quer, de fingir não querer
A gente compartilha e se reencontra nessas esquinas que as palavras permitem
mas os atos relevam
muito mais que as racionalidades nas quais a gente insiste

Seja lá como for, meu bem,
Se a gente chegou até aqui foi pra se marcar, deixar o gosto da saliva e do suor
e da alquimia da mistura que arrepia
Todos os meus pelos
Todos os meus sentidos
Sentimos por todos os poros
Todos

Me deixa fazer parte da tua poesia, rotina
me prende nas entrelinhas,
toma o controle
Mesmo quando eu brinco não querer
Que diga
“você é minha”
mesmo quando nós dois sabemos que isso pulsa em mim
como um metrônomo descompassado
na ânsia de ouvir a tua música no mesmo arranjo da minha

O cheiro do toque na cintura, arco-íris na sinfonia da língua
o tanto dito na pupila dilatada
O inexplicável que acolhe você e eu.
Nós e nossa
sinestesia.

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