1.11.18

Só a liberdade me interessa


Há pouco tempo eu descobri que não tenho nada de pequena.

Não tenho nada de tímida, de quieta, de calma demais. Quando eu não entendia o meu tamanho, todos esses rótulos chegavam e se instalavam. E eles me foram repetidos tantas vezes que internalizaram. Pois, aviso neste minuto aos senhores que podem vir buscar suas crias: não quero nada que não seja meu, não quero nada que me empurrara garganta abaixo ou que eu me forcei ser. Vou me compensar por todas as vezes que me diminui pra caber nas expectativas alheias, a porta é sempre um caminho pra quem não tem espaço de me receber inteira.

Eu recebi meus cinco minutos de liberdade e foi mais que o suficiente para me dar o veredito: posso ir pra onde eu quiser! E eu quero me arriscar, me jogar. Às vezes dá errado e recomeçar um pouco mais sábia. Ter esperança e fé naquilo que é maior do que eu e me guia. Reconhecer que sou muito mais que carne, osso, expectativas, frustrações, sentimentos, dualidade, prazer e tudo mais o que vier nesse pacote do corpo terreno. Quero o manejo de criar as minhas realidades mais genuinamente felizes.

Já não aceito:
eu não sou criança, nem calada e nem sensível demais, muito menos exagerada
não sou feia, não sou o que você pensa e nem o que você vê
nem o que eu penso de mim mesma
não sou suas expectativas sobre mim ou as minhas e nem controlada por outrem
não sou sua

Digo o não e sigo. Sem mágoa, só firmeza e consciência no que pra mim faz sentido. Aos poucos, deixo as amarras, as chantagens, as raivas pra trás. No caminho, vão ficando as palavras, o que não serve mais, os entulhos descartados nos locais propícios. Assim, cresço e apareço. Me responsabilizo, ganho volume e espaço. Sou grande, sou infinita - como a minha autonomia. Sou extensa e assim sendo, não tenho fim. Tomei as rédeas e ninguém mais me toma.

A minha liberdade é leve como o bater de asas de um passarinho.

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