26.9.18

Vermelho


Eu vi quando surgiu, no meio do escuro, a rosa
a rosa vermelha que chorava, expelia água
do seu mesmo tom
e formava um rio fluido e lento, mas contínuo
eterno e infinito, sem chance para os olhos

Encarnado
a cor do fogo da fênix do sangue e do magma
Muladhara
o chacra raíz, a energia que vem da terra, das vibrações físicas
É a coluna, o sustento, o toque, o orgasmo,
o alerta, a urgência, o cuidado, o quente, a paixão, a dinâmica
A força ativa e a ancestralidade

Eu ardo em chamas e escorro feito lava
eu me deixo espalhar, acesa
vela queimando até sumir
até virar outra coisa
cera
até virar ao avesso
até encontrar o êxtase entre a minha forma e a minha espiritualidade, que o equilíbrio já não me traz
preciso pendular de um lado pro outro e gozar nos extremos

Fazer da minha carga, fortaleza. O meu chão
meio árido, meio rochoso, meio rachado, ruivo
Base dos meus incêndios e incandescências fugazes

Invoco Ogum, orixá da caça
e liberto a minha energia masculina, há tanto adormecida. Ponho pra jogo
a guerra, o ferro, o grito e o limite. Os meus limites.
Ora, arrumo a minha parte noite e com toda gentileza a recolho, em partes
abro espaço: que chegue o dia
e faça bom proveito da nova casa.

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