11.6.18

Reação em cadeia


A água que escorreu freneticamente pelos meus olhos ontem a noite
já foi:
parte do oceano, rio desaguando no mar, nuvem precipitando
Já foi chorada por outros olhos, por outros motivos
Já fez florescer e aguou jardins e já liberou angústias. Foi início, recomeço e ponto final
foi respiro no meio do caos, aliviou o meu caos
me trouxe esperança junto com o raiar do dia

Às vezes boio e às vezes afundo
É a chuva forte e ventosa, evapora no encontro das roupas no varal com o sol quente
cai pelo chuveiro, limpa o meu corpo, limpa as impurezas da minha mente
hidrata o meu tecido e me mantem em funcionamento
toca cada célula, em todo o mundo, em cada ser vivo
mata a minha sede de saber mais

saber que fui e sou um pouco de cada, desses momentos
saber que uma coisa não se dissocia da outra
que meu corpo é finito, mas que eu não sou
me faz acolher as gotas salgadas e entender que tudo vai ficar bem.
Me deixo chover.

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