6.6.18

A melhor estratégia


é não ter estratégia.

Eu corri o mundo
Mapeei a floresta, pulei o abismo
Atravessei o oceano
Criei uma barreira, me protegi, me encolhi
Por causa de dores que disseram ser maior do que eu podia
Eu busquei todas as formas de não ter que enfrentá-las enquanto me enganava dizendo que estava no caminho certo
Hoje eu entendo que não estava pronta 
E que fiz o que achava melhor

Agora
Eu entendo que preciso me perder, me afogar, sonhar com a noite
Caminhar abismo adentro e abraçar os monstros
Meus monstros
Acolhê-los, alimentá-los, aumentá-los
Ficar maior que eles. Porque eles têm o tamanho que eu permito e eu posso ser bem maior
Posso ser todos os caminhos
Os certos, os melhores pra mim
Os errados, e também não tem problema porque a pressa de ser já não é a mesma

Retirei todos os escudos, proteções e talismãs
Me entreguei
Sinto como um dente permanente saindo, fazendo força pra nascer, deixando o de leite pra trás
Toda a febre me traz alívio
Eu já não sinto medo
Apenas sinto a dor de aceitar a mim mesma
A dor e o êxtase
De estar me transformando no que eu nunca deveria ter deixado de ser.
De estar transformando minhas trevas em luz.


De me deixar ser só trevas. De me deixar ser só luz.
De ser os dois em ritmos diferentes da mesma dança.

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