21.4.16

Alguém que eu costumava conhecer


Quanto tempo separa alguém que você conhecia e alguém que você não reconhece mais em fotos? Não falo da distância física, mas da sentimental. Estar com a pessoa e perceber esse afastamento lento, sabe-se-lá-deus-o-porquê e dolorido. O último é pelo menos pra mim. Quando foi que a gente perdeu o fio da meada? Quando foi que a gente parou de prestar atenção e, de repente, o castelo de cartas se foi com o vento?

A gente acredita que conhece tanto as pessoas. Quer botar a mão no fogo, coisas desse tipo. Mas a verdade é que a gente nunca sabe - e nunca vai saber - até onde o outro está afim de ir por nós. Eu normalmente já estou sentindo a água salgada invadir meus pulmões em alto mar quando percebo que a outra pessoa ainda está molhando os pés na beira da praia.

Sei lá, cada um tem um jeito de sentir, e diferente intensidade também. Mas a estranheza de olhar um rosto conhecido, que até cinco minutos era próximo e agora não é mais, é quase devastadora. Os olhos que não me dizem mais nada. Costumavam me dizer muito. Talvez mais do que eu conseguia ler. Boatos de que amizades que ultrapassam os sete anos duram pra sempre. Será que o nosso pra sempre chegou?

Não que eu ache que a culpa seja sua ou minha. As pessoas mudam, amadurecem, conhecem outras e outras pessoas, viajam o mundo sem levantar do sofá de casa. A gente costumava fazer isso junta. Talvez agora você faça isso com outra pessoa. Talvez sinta o mesmo que eu ou nunca saberia que eu escrevi esse texto pensando em você, caso lesse. Talvez seja só um pensando dramático de quem sempre é pega pela melancolia da madrugada.

Pode ter sido só vontade de vomitar palavras escritas. A tanto não escrevo. A tanto não falo tudo o que sinto. Nem pra você e nem pra ninguém. Isso pode só ser falta de ser quem eu era. É. Talvez eu que tenha mudado. Ou mudamos juntas, só que em direções opostas.

Nothing lasts forever.

3 comentários:

  1. É tão estranho quando a gente percebe que o tempo passou e que levou muitas coisas embora com ele, coisas que pensamos que nunca mudariam ou passariam, mas mudaram. Direções diferentes, destinos diferentes e sentimentos diferentes. É como bem disse o Vinícius "A vida é arte do encontro. Embora haja tanto desencontro pela vida".

    Beijos, Amanda.

    ResponderExcluir
  2. A distância sentimental será sempre a pior!

    r: É mesmo*

    ResponderExcluir