15.9.15

O frio que se passa por dentro


Há horas escrevo e apago as primeiras palavras desse textos. Há meses tento escrever esse texto, só que nem sei bem o que quero dizer. Começo a acreditar que talvez, os escritores se alimentem de suas tristezas e emoções prensadas, afinal. Mas não me sinto triste há muito tempo. Nem alegre, nem com raiva ou qualquer outro sentimento que sempre foi muito característico na minha escrita. Me sinto imersa num mar de pensamentos que não se findam e nem se explicam. Apenas é neblina, que não me deixa ver o que tem do outro lado.

Parece que eu dei um tempo de mim mesma, para me ver de fora. "Fechada para balanço", sabe? Só que eu esbarrei em tantos pensandos reticentes, tantas dúvidas sem o mínimo sinal de resposta, que eu ainda tô vagando pela minha própria bagunça. Sinto como se um nevoeiro tivesse congelado o meu coração e só a minha cabeça tivesse no controle agora, me impedindo de entrar em contato com o que de mais genuíno eu tenho dentro de mim - e o que eu preciso para voltar a escrever.

Leio e releio os textos que já fiz e me vejo falando das mesmas coisas infinitamente. Assuntos que eu não tenho mais vontade, que não servem mais como inspiração. É o tal bloqueio criativo, de fato. E penso se ele estaria relacionado com a rotina automatizada que tenho tido - é bastante possível. Se eu não quero ser essa pessoa, preciso conseguir puxar alguma coisinha que seja pela fresta, e aí todo o resto vai se esparramar pelo chão da sala.

Preciso de algo que me ajude a descobrir para onde estão indo esses sentimentos que eu não expresso. Eu não quero que eles desçam pela descarga, quero vomitá-los! Quero sentir. Quem sabe escrever sobre isso  ainda que eu esteja odiando a forma como as palavras se organizam - seja um caminho certo a tomar. Eu sempre fui sustentada pelas minhas interrogações, mesmo nos tropeços. Não é agora que eu quero ser derrubada pelas certezas que eu nunca tive.

Mas, ainda assim, eu sei que o sol me espera do outro lado da neblina, forte e quente. As boas ideias, as convicções - ainda que não tão convictas de uma geminiana, os sentimentos que impulsionam a minha escrita estão lá, depois da ponte. Só depende de mim atravessá-la. Ou até mesmo vestir um casaco e resistir ao frio que me gelou. O que não dá é para continuar na névoa, sem trégua e sem o pulsar do coração.

Talvez eu só precise me apaixonar de novo.

5 comentários:

  1. O sol há-de voltar a brilhar!

    r: Muito obrigada *.*
    Beijinhos*

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  2. Oi Mande, talvez seja isso mesmo que falte, uma nova paixão, uma razão e assuntos para escrever, e escrever lindamente como sempre foram os seus textos.

    Saudades menina, não suma mais, viu?

    Beijo :*
    http://www.portiprati.com/

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  3. Have a wonderful Weekend Amanda! kisses <3

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  4. Desculpe flor, mas também falte uma nova perspectiva, talvez o amor próprio esteja afetado. Talvez falte esperança e fé.
    Some mais não, tua literatura é tão bonita e rica.

    Beijo

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  5. Talvez uma paixão ajude mesmo, mas talvez atrapalhe mais ainda no seu encontro consigo mesma.
    Tente se apaixonar por algo que não respira, como por exemplo... Correr no parque, ou pintar.
    É isso que fiz, pois eu andava assim, como você, e isso nos consome de uma forma irreversível. Dói em mim não saber, não sentir e não saber expressar o que tem dentro de mim, por isso decidi trocar a confusão em mim por vontade de pintar. Ainda não sei se tá funcionando, comecei essa semana, haha mas te aviso se melhorar ;)

    beijos

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