4.2.15

Então, me deixa

Presença Hecatombe by Jay Vaquer on Grooveshark

Inspirado no texto O contrato, de Tati Bernardi.

É sério. Larga esse celular, desliga essa televisão pra falar comigo. Não chega com jeitinho, não me abraça daquele jeito que você sabe que me desmorona todas as barreiras, as raivas momentâneas que eu sinto de você. Não me queira por perto pelo egoísmo de não querer ficar sozinho, porque, pior do que isso, é me ver sozinha, mesmo quando você está por perto.

Tira a mão da minha cintura, não diz que tudo vai ficar bem pela octogésima nona vez, porque não vai. Para de querer me contornar, me enrolar, me desfazer. Não me faz sentir ridícula dizendo que não é nada disso, que é coisa da minha cabeça, porque realmente não é. É coisa do meu coração, que sofre cada vez que você diz que vai ficar e vai embora, que diz que sente saudade, mas nunca está disposto a me ver. Que me quer, mas só em pedaços.

A gente pode fazer tudo do seu jeito, se quiser. Ser só o que já é e nada mais - se é que, de fato, é alguma coisa. Mas aí a gente precisa deixar algumas coisas em pratos limpos: Diga o que sente de verdade, do fundo desse músculo que bate dentro do seu peito. Não me faz acreditar que no seu beijo tem amor, que no teu abraço tem um porto seguro a me esperar, que a sua respiração fica eufórica com a minha chegada.

Não me faz querer engolir esse nó que tá na minha garganta, não me faz sentir culpada. Não me faz cancelar todos os meus planos porque você resolveu que quer me ver hoje. E não me faz brigar com uma amiga que me diz que tô sento idiota, porque mesmo sabendo que estou, eu não consigo deixar de querer fazer você acreditar que vale a pena ficar. Porque eu não quero deixar passar o que eu sinto.

Mesmo com todas as minhas falhas e defeitos. Com o meu mau humor matutino e meu choro incontrolável durante a TPM. Em troca, te daria o meu melhor beijo, o meu mais confortável abraço, o meu mais aconchegante colo e cafuné, a minha risada mais gostosa. Mas, se ainda assim a oferta te parece baixa, vai embora de vez. Vai e leva tudo o que trouxesse contigo. Não deixa nem aquela sua camisa - que agora é a minha preferida - pra que eu fique na esperança que você volte para buscá-la.

Escolhe ficar ou ir embora. Mas não vem, me faz acreditar e, no outro dia, levanta pela manhã e vai embora sem fazer barulho. Não passa, me destrói como um furacão e me deixa no meio dos entulhos. Ou me ajuda a reerguer as minhas estruturas ou me deixa lidar com os meus próprios tremores. Só não me faz construir tudo de novo pra que eu veja desmoronar com a sua presença, por capricho.

9 comentários:

  1. As pessoas precisam de revelar as suas verdadeiras intenções e não chegar com falsas promessas.

    r: Muito obrigada! Espero que tudo melhore*

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  2. Não há nada pior que viver na ilusão e na incerteza..

    Isabel Sá
    http://brilhos-da-moda.blogspot.pt

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  3. Não há nada pior que viver na ilusão e na incerteza..

    Isabel Sá
    http://brilhos-da-moda.blogspot.pt

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  4. Uma das coisas que mais me tiram do sério é esse negócio de vir e ir embora o tempo inteiro. Se for para ficar, tudo bem, caso contrário, a porta fica fechada. Que texto ♥

    Caligrafando-te

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  5. Adorei o texto, Amanda! Não existe nada pior do que viver na incerteza de algo, é como se fosse um grande vazio dentro de nós.

    Beijos.
    http://blogdocmedeiros.blogspot.com/

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  6. Mande,

    adorei o texto, tu estás escrevendo praticamente como a Tati Bernardi, adorei mesmo!

    e é sempre assim, eles chegam e acham que pode fazer e acontecer, prometer que vai ser melhor e puft! Fodem com tudo de novo.

    Beijo na testa!

    http://www.portiprati.com/

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  7. Esse texto tá tão real! Não tem quem aguente essa confusão! =(

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  8. A vida é muito curta pra perdermos tempo com quem não sabe o que quer.
    Adorei Amanda!

    Beijo

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