25.9.14

I am a mess


Dediquei toda a minha tarde de uma quarta-feira qualquer a arrumar meu quarto. A bagunça era tanta que eu nem sabia por começar - e talvez por isso eu demorei tanto tempo por decidir organizá-la. Não sei, de certo, mas a motivação, mas acordei corajosa. Comecei pelas roupas. Misturadas, amassadas. Muitas presas no fundo da gaveta. Não tive cerimônia: livrei as quatro gavetas do sufoco de uma vez só e joguei todo o entulho no chão.

Uma por uma fui separando. Estas aqui são para as saídas com as amigas, aquelas são para os dias de frio, aquelas outras eu só usarei quando perder os desejados quilos e as que não arrumei definição, decidi por descartá-las. Junto com histórias, encontros e desamores que nelas ficaram encrostados. Eu não queria mais nada aquilo. Não nos meus espaços, já tão abarrotados.

Passeei pelos saltos, tênis, roupas de cama, toalhas e memórias. Não necessariamente nessa ordem. Para cada item, procurei guardar apenas o essencial, o que ainda me apontava motivos para estar onde estava. No armário da melancolia, fiz questão de desocupar todas as prateleiras. A nostalgia se foi junto com aquele cheiro que vinha à mente e eu jurava sentir, mesmo sem lembrar direito qual a sua essência.

Deixei para perto do fim os papéis, a parte mais difícil. Não sei se tem a ver com o meu apreço pelas coisas que vivo ou se com o apego pelo jornalismo, mas tenho papel espalhado por todo canto do meu lugar. As gavetas da escrivaninha são todas emperradas pela grande quantidade. Cartas, embrulhos, pagamentos, presentes. Tenho uma dificuldade extrema em deixar o tempo levar, de jogar no lixo. Mas era o que eu precisava, eu sabia.

Depois de muito explorar e de encontrar roupas que nunca usei, sapatos que nunca gostei e sentimentos que nunca deixei, encontrei vestígios de várias versões de mim, que por mais que eu as quisesse por perto, se foram. Assim como tudo aquilo que eu estava guardando dentro de sacolas que eu estava preparadas para que não fossem mais minhas.

Por último, depois de toda a arrumação, passei panos nas prateleiras tão empoeiradas. Deixei ali, nos postos mais altos, o que eu tinha de mais importante: os livros - lidos e relidos infinitamente -, as fotos das melhores amigas e da amiga e os sentimentos mais bonitos. Aquilo que faz sorrir, sentir bem, ser mais. As pessoas que somam e que te ajudam a segurar a barra. A diferença entre gostar e amar. O coração de quem jamais pretende deixar de acreditar no amor.

É possível que daqui a uma semana tudo esteja revirado de novo. As roupas, as nostalgias, os livros preferidos, os lençóis e os sentimentos. Mas o importante é que só o que eu preciso esteja aqui dentro. E que eu sempre tenha espaço livre para novos vestidos e excessos que preenchem, mas não ocupam.

8 comentários:

  1. Boa noite Amanda.. jamais meu quarto ficará assim.. rsrs
    minha mãe é capaz de me deserdar srsr
    mas tendo outro ponto de vista.. quando nosso interior estiver equilibrado.. nosso exterior refletirá isso.. com o que nos cerca e para como somos perante ao todo..
    muitas vezes há uma bagunça interna de sentimentos e outras coisas mais e nos perdemos na bagunça que se cria.. que tudo se harmonize sempre.. bjs e até sempre

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  2. Por mais chato que seja, há momentos em que temos que nos dedicar inteiramente às arrumações.

    r: Concordo contigo, a mente é mesmo um lugar misterioso

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  3. Gosto dessa sua naturalidade em falar de sentimentos de uma forma envolvedora e simples.
    As arrumações fazem parte da nossa vida, não só as das "gavetas", mas das lembranças, prioridades, emoções, sentimentos.
    Enfim, espero que numa dessas organizações, algo se encaixe de vez, aquela tal sonhada paz.
    Beijo

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  4. Fiquei um pouco irritada lendo o texto porque não consigo deixar meu quarto tão bagunçado rsrs Parece que a vida não segue até estar tudo arrumado...

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  5. Tão natural, encantador seu texto!

    beijinhos

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  6. Olá Amanda.
    Tenho essa relação complicada com meu quarto mesmo. No meu caso, no dia seguinte já está bagunçado de novo. Tenho especial dificuldade com os papéis, assim como você, gosto de ler e tenho livros espalhados pelo quarto. Tinha que ter a mesma determinação para ler o livro todo tanto quanto tenho para comprá-los, mas isso é outra história. Meu quarto continua bagunçado rsrs
    Grande abraço menina
    Sempre bom vir aqui no seu espaço :)
    Blog Fernu Fala II

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  7. Mande,

    esse finde eu também dei uma arrumada no meu guard roupa, e é incrivel como a gente relembra de ocasiões e situações apenas com uma peça de roupa, ou um cheiro. As vezes me deu vontade de viver de novo e outras deu vontade de nem lembrar, rsrs...

    Adorei o texto, como sempre!

    Beijo na testa!

    http://www.portiprati.com/

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  8. Incrível como o quarto nos reflete.
    Minha vida anda tãaaao bagunçada que meu quarto é a maior prova disso.

    Me sinto tão mais leve depois q o arrumo.

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