5.1.14

Doce dezembro



A timidez era mútua e isso ficou bem evidente desde a primeira vez que nos olhamos nos olhos e desviamos, sem o menor pudor de disfarçar a vergonha. Talvez não vergonha, mas o medo de ser desvendado por uma troca de olhares tão intensa, que entregava tanto. Quando ficamos sozinhos, não tinha como se esconder: os olhares teriam que entregar aquilo pelo qual o coração palpitava, mas a boca hesitava. Mas assim como as ondas que molhavam nossos pés, o movimento flui de maneira leve, porém poderosa.

O sol nascia por entre os teus fios de cabelo, pretos, assim como os teus olhos que não me cansavam. A noite já tinha sido tão singular que era quase impossível acreditar que você estava dividindo o seu abraço comigo, enquanto eu fingia não sentir tanto frio. Não era só frio, era também medo de que tudo fosse tão real quanto parecia, de que tudo o que eu estava sentindo fosse tão verdadeiro quanto os respingos de terra que sujavam as nossas pernas enquanto andávamos na beira da praia depois do nascer do sol.

A beleza que irradiava do teu sorriso era tão profunda que me fazia bonita também, iluminava o coração que batia nervoso dentro do meu peito e aí tudo se clareava. Eu poderia ficar ali o resto da noite. O resto do dia. Pouco lembro das palavras que falamos. "Isso está mesmo acontecendo comigo?", não consigo lembrar se falei ou se apenas pensei, mas me recordo da tua boca me dizerem a mesma sentença, ainda que silenciosa.

Não era preciso dizer muito pra entender, mas o pouco que falávamos diziam mais do que esperávamos contar. Conhecer uma pessoa a pouco tempo e se sentir em casa, acolhida pelo seu abraço, reconhecida pelos seus olhos, consentida pelos sorrisos e cuidada pelos beijos. É o tipo de sentimento que não há como nomear. Único. Eu não podia perder tempo tentando decifrar o que eu estava sentindo enquanto te tinha ali, colorindo de todas as cores o meu mundo, que eu acreditava que dali pra frente, só seria preto e branco.

Acredito que você tenha plena consciência do que verdadeiramente me causou e sempre serei grata por isso. A tua presença seria tão bem queria por mim quanto cinco minutos a mais na cama nas segundas-feiras, mas caso eu não possa tê-la - assim como nem sempre tenho o prazer de me demorar na cama, te agradeço por me mostrar uma proporção de carinho que eu ainda não havia imaginado.

Era encantamento, ainda é - talvez sempre. Pela noite, pelas palavras, pelas não palavras, pelo que foi melhor do que eu poderia imaginar nos meus mais belos sonhos. E melhor ainda foi acordar no outro dia e ter ainda mais certeza de que tudo foi real - e que pode ser ainda mais. Saber que basta não esperar para ser surpreendida me faz ainda mais confiante para esperar o que vem pela frente. Você me fez acreditar de novo.

Não sei o que esperar do caminho, mas quero passar por cada experiência que ele me proporcionar. Saber que a surpresa pode estar em qualquer esquina da vida dá até mais vontade de andar. Você foi uma linda surpresa. Ficaria feliz se quisesse me acompanhar nessa estrada confusa, seguraria a sua mão e seguiríamos em busca de algo que ainda não descobrimos, mas com você, eu iria feliz. Se a vida é curta, que todo nascer do meu sol tenha início no teu sorriso.

"E que o verão do seu sorriso nunca acabe".

3 comentários:

  1. E quando eu leio essas palavras tão suaves entendo como é bom esse sentimento tão encantador que enche olhos e corações!
    Como seus escritos descrevessem o que sinto rs

    Encantador como sempre, Amanda!
    p.s.: tenho andando um pouco sumida, minha inspiração havia tirado férias, ou talvez virado um sentimento só, mas já estou voltando! (:
    Beijos*:

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  2. Que texto mais lindo, amo essas sensações e ele me fez senti-las perfeitamente! AMEI <3

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  3. Amanda, estou de volta! Atualizando o blog mais vezes este ano! rsrs Sempre com seus textos profundos, adorei! Dá pra sentir o sabor de cada palavra. :) "Se a vida é curta, que todo nascer do meu sol tenha início no teu sorriso." Sensacional. Um beijo!

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