18.5.14

Saudade que nunca morreu

Uma plaquinha azul e o substantivo "amizade" foi o que você me deu em uma brincadeira na escola, quando os professores e psicólogos resolveram nos garantir uma despedida digna daquele que era o nosso último ano como estudantes do ensino médio. Sempre tive apreço por presentes simples, mas por esses, eu reservei um carinho especial. Lembro-me como se acontecesse agora. O tempo que nós estávamos sem trocar uma mísera palavra por conta de razões que até hoje não conheço bem.

A maneira como as lágrimas me inundaram os olhos me comove até hoje. Não esperava aquilo no momento em que tinha perdido as esperanças de que voltaríamos a ser melhores amigos de novo, mas parece que, depois de tudo, o amor voltou ainda mais forte. Aquela maneira como nos abraçamos naquela noite de acampamento escolar disse muito mais pra nós dois do que qualquer palavra, carta trocada durante as aulas e confidências durante o intervalo pudessem expor.

Por muito tempo você foi meu confidente, a pessoa a quem confiei segredos que escondi até de mim. Presente e parte necessária no meu dia a dia, fosse para contar sobre a briga com o namorado ou para dar ataques de ciúmes quando você dava mais atenção a alguma outra colega de classe. Hoje, não sei bem onde te procurar, se está bem ou sofre por amor, se sente a mesma falta que sinto de quem, ainda que não saiba, carrega um pouco da minha alma e da minha história consigo. Deixou marca no coração de quem cativou.

Sonhei contigo durante umas três noites seguidas e pensei em te perguntar como vai a vida, porque terminou o namoro com aquela pra quem eu sempre torci e também como vai a vida profissional, afinal, somos adultos agora. Abri e fechei o teu inbox meia dúzia de vezes e não tive coragem de escrever uma palavra sequer. Eu ligaria, se há muito não fizesse mais ideia alguma de qual é o número que eu poderia entrar em contato contigo. Chegou a doer não mais encontrar teu nome na agenda telefônica.

Não sei a quem culpar, mas há muito não nos conhecemos mais. Se foi por nosso desleixo ou por brincadeira de mau gosto do destino eu não sei, mas confesso que me acomodei com a tua falta - isso não quer dizer que eu não a sinta: eu a sinto monstruosamente, cada segundo de que consigo me recordar. Não te conheço mais, mas amo quem você é e quem foi para mim. O que ficou daquele menino alto e magro que escutou todos os meus dramas adolescentes e aguentou meus dias insuportáveis de TPM.

Eu tenho um carinho gigante por quem você foi e acredito ainda ser. Mesmo que tenha mudado, deixado a barba crescer, ficado um pouquinho mais amargo com a vida, não tenha mais a língua presa e talvez, não gostando mais daquela banda que era a sua preferida do terceiro ano, o meu melhor amigo tá aí dentro. Pronto pra dar aquele abraço de doer a coluna e presentear com um sorriso de bater nas bochechas. Tá aqui dentro, também. Como a minha saudade que nunca morreu. Se existe mesmo essa história de almas gêmeas, você foi/é a minha. Ou foi quem mais chegou perto de ser.

Àquele que provavelmente nunca lerá esse texto, mas meus filhos saberão seu nome.
(Obrigada por me fazer sentir amada.)

6 comentários:

  1. Muito obrigada!
    Se calhar não foi desistir, foi apenas perceber que já não valia a pena insistir em algo que não ia resultar. Nunca desistas é de ti, por mais difícil que seja o caminho. Muita, muita força.

    Adorei este texto, sobretudo porque me revejo em algumas partes. As saudades daquela pessoa nunca desaparecem, mesmo quando nos habituamos à sua ausência, porque nunca estamos à espera que alguém a quem chamamos de melhor amigo desapareça da nossa vida assim. E depois é inevitável não pensarmos que ele ainda andará por ai, mesmo que a pessoa já não seja a mesma, tenha crescido, mudado os seus gostos. No fundo, para nós, aquela pessoa continuará igual.

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  2. NOSSA! Tbem me vejo em algumas partes, quem nunca!?
    super beijooos

    www.annecrisley.com

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  3. Primeiramente, que doce felicidade encontrar teu blog! Ele é lindíssimo! E depois, caraca!!!, que texto! Me doeu de uma forma tão particular, que parece que foi escrito por mim. É uma das maiores injustiças da vida essa, separar pessoas que foram tão próximas. O destino não deveria ser tão cruel à esse ponto =\


    Beijinhos,
    www.fernandaprobst.com.br

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  4. Que texto lindo, tem saudade que sempre vai existir porque a pessoa marcou tanto, fez coisas tão lindas por nós que não tem como não fazer falta.

    www.iasmincruz.com

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  5. Amanda, somos colegas de facebook e agora colegas de blog rsrsrs
    Muito lindo aqui! Parabéns!
    To seguindo e vou colocar seu blog na minha listinha de blogs!

    Beijos!

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  6. Nossa, sabe quando você ta lendo um texto e de repente de da uma sensação esquisita? Um arrepio, não sei.
    Agora eu fiquei imaginando como vai ser quando eu sair da escola, se vou perder o contato com meus amigos...
    Também lembrei de uma amizade muito legal que eu tinha que acabou depois de uma briga feia... fiquei 1 ano mal por causa disso :/
    xx

    www.s2juuh.blogspot.com

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