27.9.13

A marca que você deixou

Esses dias eu tenho lembrado tanto de você. Mais que o normal... eu sei que já te superei, mas admito que nunca aceitei a forma como tudo se deu, como você foi embora. Talvez eu ainda me culpe um pouco pelos teus erros, por mais que eu saiba que sejam teus. É que acho que a responsabilidade de "dar errado" em um relacionamento nunca é de um só, embora você tenha contribuído muito mais que eu para que tudo desandasse da forma como desandou e, se quiser mesmo saber, embora eu também tenha errado bastante, a minha paciência foi tão persistente que distanciou o nosso momento do fim, por algum tempo.

Sabe, eu realmente queria entender o que faltou pra gente dar certo. A gente tinha tanto em comum, se completava até nos defeitos... eu me apeguei tanto na certeza de que daria certo, uma certeza que começava e terminar em mim, eu apenas não percebi a tempo. E por isso, eu não aceito. Não aceito a maneira como você jogou fora todo o meu esforço, a minha vontade, as minhas expectativas. Ok, talvez você diga que a culpa é minha de criar expectativas e realmente seja, mas quem não criaria expectativas no meu lugar? Você as alimentava e cuidava com carinho. É normal de qualquer casal estabelecer metas e sonhar juntos, e a gente fazia isso até demais, embora pra mim fosse algo a ser realizado mais pra frente. Pra você, não passaram de palavras vazias.
     
Não tenho raiva ou ódio de você. Muito menos saudade, vontade de fazer você se arrepender pelo buraco no peito que me causou. Pode ser que você tenha se arrependido ou não, mas isso tanto faz. É um vazio que você terá que levar com você, assim como carrego comigo o que você me deixou. E é apenas um espaço, cheio de marcas, sem sentimentos, mas que eu sei que estará comigo desde o momento que você os causou para frente. Agora, não arde, não dói mais. Mas ainda está lá, me relembrando todos os dias, evitando que alguém chegue perto o suficiente para sabê-lo, servindo de escudo para qualquer pessoa que tente se aproximar, ainda que seja, teoricamente, para curá-lo. Não pretendo arriscar sentir tanta dor novamente.
     
 E sim, tenho a minha parcela de culpa no momento em que me abri o suficiente para deixar com que você me fizesse isso. Que mal tão grande há em querer confiar nas pessoas? Penso que muita gente não sabe lidar com amor. Uns por maldade, outros porque ainda estão tão imaturos no sentimento que, ao se depararem com a grandiosidade, com a realidade forte que é ter nas mãos o coração de outra pessoa se atrapalham, metem os pés pelas mãos e não sabem como agir.
     
Cada um é responsável pela sua própria felicidade, claro. Mas gostar de alguém é algo tão enredado de mistério que é impossível lançar uma regra geral. Todo mundo vai te magoar de alguma forma, mas o que contará de verdade é o que essa pessoa fez pra se redimir, o tanto que ela tentou te ajudar a colar os caquinhos do coração de volta. Você não só não me ajudou a catar os cacos, como pisou e esfarelou os pedaços que consegui juntar. Ainda tem muitos pelo chão, mas a medida que vou colando, percebo que espaços não serão mais preenchidos.
     
 Não sei onde pretendia chegar com essas palavras, mas com certeza foi uma tentativa de desabafo. Sei que tudo o que passei servirá de alguma forma como aprendizado para futuros envolvimentos e, por mais que eu queira deixar tudo isso pra trás, é impossível. A marca está lá e a lembrança faz moradia na memória de uma inconformada. Inconformada por ter deixado as coisas tomarem essas proporções. Mas tenho comigo o alento de alguém que se entregou, que quis de verdade, ao contrário de você, que nunca se entregou e nunca o fará, porque é egoísta o bastante para não se dá o direito de amar outra pessoa.

7 comentários:

  1. Não vou negar que senti tristeza ao ler. Tento fugir de coisas como o que descreveu ali, e dói até hoje , quase 7 meses, por ele estar namorando outra há 4 meses =x
    Dá vontade de olhar na cara e dizer tudo isso que escreveu aí,mas não dá, seria humilhação demais pra mim!

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  2. É exatamente assim mesmo. Amores são superados sim, mas nunca esquecidos. Acho que a gente sempre pensa no que passou, no que poderia ter feito diferente.
    Lindo texto!
    Trash Rock

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  3. É verdade. O amor é algo que tá por aí sendo expressado em todo canto. Todo mundo fala de amor mas poucos sabem lidar com ele. Quem a gente menos pensa que vai nos machucar é o primeiro a nos abandonar.

    bjos!

    Camilla Martins - sugar-dance.org/blog

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  4. Essa marca fica sempre aqui em algum lugar, quase perdida na realidade, quase esquecida, mas jamais esquecida de verdade. Vezes sem conta causa lágrimas, mas tudo fica bem. É melhor deixar no passado tudo o que passou..

    Fico sempre encantada quando leio tuas palavras, Amanda!
    Beijos*:
    http://leontynasantos.blogspot.com.br/

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  5. "Não pretendo arriscar sentir tanta dor novamente."

    Eu estou assim depois de uma história tipo essa que você relatou, mas só com o erro, se é que se pode julgar um sumiço de erro. As expectativas foram minhas, então que eu me foda né? Acho que ele deve pensar assim. E eu só sinto pena dele hoje e as lembranças, sentimentos vai acabando aos poucos.
    Fiquei emocionada ao ler esse post e sei lá, sem palavras.

    Beijos

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  6. Cada vez que te leio tenho mais certeza de que passamos por histórias bem parecidas, o que é uma triste coincidência. Acho que a algumas semanas atrás meu discurso seria exatamente como está no seu texto, no fundo doía não o fato dele não me amar, mas o dele ter me enganado, dito palavras e promessas vazias, ter insinuado que ficaria para sempre e mesmo assim ter ido embora. Eu jurei que nunca mais ia deixar ninguém se aproximar do mesmo jeito que ele havia se aproximado. "Mas ainda está lá, me relembrando todos os dias, evitando que alguém chegue perto o suficiente para sabê-lo, servindo de escudo para qualquer pessoa que tente se aproximar, ainda que seja, teoricamente, para curá-lo. Não pretendo arriscar sentir tanta dor novamente." esse trecho vai bem de acordo com o discurso que eu usava, não me envolvo porque já deu demais uma vez.
    Mas como eu disse a cima, isso seria a algumas semanas, acontece que nesse meio tempo apareceu alguém que não me perguntou se podia me curar, simplesmente foi lá e o fez. Nunca acreditei no clichê: só se cura um amor com outro amor, só que depois de conhecer esse novo príncipe (nem tão encantado assim) eu aderi a essa frase, só que fiz uma mudança: não se cura um amor com outro amor, o espaço dolorido permanece lá, mas o novo amor ocupa um lugar tão maior e mais bonito dentro da gente que até esquecemos que já houve um outro alguém. Não adianta tentar se proteger, quando tiver que ser será, pode acreditar.

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