27.3.13

Sem ponto final

Intensidade sempre teve de sobra no nosso relacionamento. Por isso, se eu tivesse a oportunidade de traduzi-lo em um texto, tenho certeza que seria uma narrativa bastante pontuada, com direto a ponto, vírgula, travessão, ponto e vírgula, parênteses, interrogações e exclamações. Muitas exclamações. E talvez, pelo fato de ela ter sido tão recheada de marcações intensas, é que nós encontramos uma dificuldade enorme em dar a ela um ponto final, de bater o martelo, de pôr um fim definitivo, por mais contraditório que isso pareça.


O parênteses, nós usávamos para a justificação dos nossos defeitos, esses que são entendidos apenas por nós mesmo. Exclamações que saltavam da minha boca ao sentir a sua barba malfeita roçar no meu rosto, ou da tua boca quando me via apenas de blusão velho de dormir, com um coque frouxo no cabelo.

Vírgulas e mais vírgulas para prolongar o nosso beijo entre sorrisos, ou a ida àquela sorveteria, quando a gente se lambuzada de calda de morango. Se as coisas começam a esquentar no quarto escuro: ponto e vírgula. Interrogações que representavam as nossas brigas, os nossos não-entendimentos e birras. Se elas durassem, dávamos à nossa história a chance de iniciar um novo parágrafo.
     
A verdade é que os pontos também fizeram parte do nosso desenrolar da história, mas sempre para dar uma nova direção, um novo recomeço. Sempre seguido de um parágrafo, mesmo que esse demorasse a ser escrito por nós. Porque mesmo que nós resolvêssemos acabar com essa parceria e cada um começar um novo texto com direito, inclusive, a um título novo, acredito que o capítulo que escrevemos juntos, vai ser o que a gente vai deixar guardado na gaveta, pronto pra ser relido, revisado ou simplesmente intensificado. Por isso, o ponto final não nos cabe: quem sabe, daqui há um dia ou um ano, a vontade de escrevê-lo novamente se faça presente.
     
Nunca nos utilizamos do recurso do ponto final, aquela coisinha tão pequena e sem forma, que nós sabíamos que poderia nos separar de uma forma definitiva. Sabemos que, uma hora, por mais detalhes que essa história se valha, ela vai estar completa e nós teremos que cessar a escrita. Mas, enquanto pudermos, ao menos, mantê-la dentro da gaveta, mesmo que seja apenas para mudar algum pequeno erro de concordância, vamos usando as reticências...

20 comentários:

  1. Que lindo,as vezes é melhor chegar ao fim do que por reticências já que por meio delas tudo pode mudar.
    beijos

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  2. Oii, flor!

    Que lindo seu texto, voce super leva jeito!

    tenho certeza que será uma ótima jornalista...

    Beeeeijinhos <3
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  3. Gosto de reticências.. Até aprece que tudo pode continuar, mas o ponto final faz falta, faz sofrer. Essas histórias que acabam, mas não têm fim fazem um mal danado..

    Incrível como sempre, Amanda ;)
    Beijos*:

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  4. oi querida,
    lindo texto, se encaixou muito no meu momento atual :S
    O problema nessas reticencias são as falsas ilusões e espeanças :S
    boa semana
    ;*

    www.redbehavior.com

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  5. Olá! Tudo bem?
    Adorei o texto e também amei seu cantinho! Seguindo e espero que possa conhecer o meu..

    Beijos,
    http://sonhando-com-livros.blogspot.com.br/

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  6. ei linda
    pq vc nao escreve um conto seu no site da andross?
    eles estao cadastrando poemas para um livro chamado contos fantasticos
    vc tm futuro como escritora amanda
    sugiro que vc tennte ok?

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  7. Que texto mais lindo *-* Eu bem sei o quão difícil é tentar colocar um ponto final em algo que parece ser para sempre.
    Amei, de verdade <3

    Beijos
    http://comoumrefugio.blogspot.com.br/

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  8. Belo texto, mas tem momentos da vida, que as reticências não servem mais e precisamos colocar um ponto final para seguir em frente..Difícil, mas necessário.
    Abraços.Sandra

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  9. Aaah, que lindo >.< Tinha lido um trechinho na Página do Blog, e imaginei que o texto ia ficar assim, com essas tuas palavras maravilhosas. Como eu amo elas, Mande*-*
    Beijos beijos,
    http://menina-do-sol.blogspot.com.br/

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  10. Ai é pecado fazer isso comigo, Amanda! Não posso ler essas coisas em momento de fragilidade, com namorado/melhor amigo em intercâmbio! haha

    Beijos
    Brilho de Aluguel

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  11. Lindo texto e mais linda ainda é a esperança viva de poder voltar e reescrever essa história um dia. ;)

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  12. Adorei demais esse texto e que criatividade em, gostei muito e relacionamentos é cheio de virgulas, exclamações, parágrafos e por ai vai, mas o ponto final isso não tem que ter né, mas uma hora a historia tem o seu fim, mas esse fim pode demorar muito tempo >.<
    Beijinhos
    Facebook do blog
    conversando-com-a-lua.blogspot.com.br

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  13. Quanta criatividade rs *-* Também sou super reticências rsrs

    Adolecentro

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  14. Amanda, é simplesmente impossível evitar um "que texto lindo" haha! Por que achei seu texto, mesmo que não claramente, representa e muito a realidade que muitos casais vivem, rsrs!! Você tem um dom incrível para escrever! :D

    Beijooos!

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  15. Oi Amanda!
    Ah, entendi bem o que você quis passar com o texto. Suas palavras souberam transmitir bem.
    Enfim, se curto textos fofos assim e esse é mais um. *-*
    Abraço!

    "Palavras ao Vento..."
    www.leandro-de-lira.com

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  16. Você tem MUITO talento pra escrever! O texto é maravilhoso!

    Beijinhos, Garota Inocente

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  17. Opa...adorei! Colocar um ponto final dá sensação de que tudo está acabado, né? Enquanto pudermos usar as reticências, são bem-vindas!
    Beijos!
    Paloma Viricio- Jornalismo na Alma.

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  18. Tão lindo o post, o texto está do jeito que eu gosto: bem sincero e caprichado nos detalhes.
    E essas reticências...!

    TRASH ROCK

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  19. Que fofo! Sempre há esse problema com o tal do ponto final, mas você arranjou uma ótima saída ;)

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  20. Muito fofo o texto, adoro ler essas coisas :)

    ♥ Blog Cerejas no Topo:
    http://www.cerejasnotopo.com

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