2.2.19

Coisas do adeus que eu ainda não sei lidar


Ir embora sempre foi muito difícil pra mim. Evito o adeus até o último momento.

Eu quero ter a certeza
absoluta, irrevogável, inquestionável
da melhor escolha. Da escolha certa
De que eu fui embora e não vou ter vontade de olhar pra trás, não vou me arrepender, não vou levar comigo parte da dor de quem ficou, a minha própria dor
de que não vão haver mágoas, rupturas, conflitos

Mas eu aprendi que todo adeus deixa marcas e escolher é também carregar o peso da não-escolha
e agora eu vejo que por muito tempo eu não quis carregar as minhas culpas
por estar carregando as culpas erradas, que não são minhas
e pelo medo dominar os meus próprios demônios - é mais fácil incriminar o outro
o que fez com que eu me destruísse em situações sem saída, na ilusão
de ser perfeita

Essa convicção não existe
é sempre um tiro no escuro, um caminho turvo
que só se abre quando eu aceito a renúncia, a angústia, o possível arrependimento
Até mesmo ser a culpada do outro
Entender que posso magoar alguém só por ser quem sou e querer o que quero.

Às vezes, os caminhos se afastam pra se encontrar em um lugar onde nada disso importa mais
mas hoje eu preciso conquistar a minha coragem e confiar
Porque, no fim, todos os caminhos vão me levar pra vida que eu escolher
Estarão prontos, se eu estiver,
para o fim
que desencadeia um outro início, uma nova etapa,
uma virada na minha vida.

Eu vou deixar a porta aberta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário