25.12.17

Moradia


Eu ainda estou aprendendo que não preciso me jogar aos destroços pra amar,
que o amor não é como entrar no mar mais salgado com rasgões por todo o corpo.
Eu não preciso enlouquecer de dor. Eu não preciso de desfazer por ninguém,
Eu não tenho que arder por outrem. Isso não é amor

Me sinto mais forte a cada dia que percebo:
amar alguém não é abrir mão dos gostos, dos sentidos que me integram e fazem com que eu seja,
justo o contrário,
há um compromisso de autenticidade presente. Mais do que nunca é preciso ser inteira

Porque esse amor livre me mostrou que meu estar com alguém
não anula o meu comprometimento comigo. E que o amor pode ser ainda muito mais
quando a gente também se ama. Não precisa dor, fingimentos, renúncias
quando você entende que o meu sentimento comigo precisa ser recíproco,
que o meu amor por mim, em primeiro lugar, não é uma ameaça a você
e sim um convite

O mais contraditório de tudo é me sentir mais livre, mais feliz, mais eu
pelo entendimento que você tem de mim. Foi ele que reavivou o meu amor-próprio
tão escanteado, por tanto tempo, que pensei tê-lo perdido de vez

É esse bem-querer que me faz querer ser o melhor que eu posso pra mim
e perceber que o amor pode ser arrebatador e também apaziguador.
Eu amo a serenidade estrondosa que você me traz, porque é ela que
me ensinou, pela primeira vez na vida, o que é amar alguém e também poder me amar, em sinergia

A revolução se instalou em mim desde você
Já não sou mais casa, sou moradia
minha
nossa
daquilo que o amor transformou.

Um comentário:

  1. O texto está fantástico, mas tenho que destacar esta parte: «amar alguém não é abrir mão dos gostos, dos sentidos que me integram e fazem com que eu seja, justo o contrário». Honestamente, acho que há muitas pessoas a precisarem de ler isto!

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