20.3.14

O que escrevo

Já tive todo tipo de inspiração pra escrever. Momentos que passei, que quis passar, que só aconteceram no meu momento. Saudade, cores, pensamentos. Pessoas, inclusive. Pessoas que nunca imaginariam estar atrás de linhas tortas de textos como os meus. E nem todos são de carinho ou afeição. Desculpa. Defeitos (os meus e os alheios) e raiva também dão ótimas frases de efeito. É que escrever me garante a liberdade que o mundo dos bons modos e da simpatia eterna me vetam.

Pra mim, é uma maneira de guardar. Guardar alguém, algum sentimento ou sensação. Impressão ou forma de desabafar. Afinal, cada um tem um mundo só seu, que não divide nem com a sombra. Pensamentos que evitamos pensar, mas que não podemos nos proibir. E eles vão sendo, um por um, transformado em traço, criando um laço de realidade e imaginação. Escrevo sem saber até onde o texto pode me levar.

Sempre me considerei melhor com as linhas do que com a voz, até pela timidez. Me expressar através do lápis e da caneta, além tudo, me oferece a possibilidade da breguice, da licença poética. Escrever é poder xingar alguém usando a frase mais elaborada que se pode imaginar. Falado não, parece não combinar. Mas o drama e a escrita parecem ser parceiros de longa data, encaixe perfeito.

Soltar a mão na página em branco é querer que alguém leia. Que alguém leia e se sinta tocado, transtornado, insultado. É querer catucar a ferida que já tá criando casquinha. É espalhar a sua felicidade, que não importa à outrem, mas você quer ortografar às quatros páginas. É sentir que algo quer sair e abrir a gaiola, ou sentir que algo tá preso e ir soltando aos poucos. É poder ser outra pessoa, mesmo não tendo mudado.

O que eu escrevo é o que tá dentro e o que tá fora de mim. O que me incentiva e o que me derruba. O que eu quero que pensem de mim e o que eu não consigo mais esconder. Pode ser paixão, choro preso ou raiva, os três ao mesmo tempo. Ou nenhum. É me botar à disposição dos meus pensamentos mais loucos. É fingir que não acredito aquilo que escrevo, mesmo que tenha plena convicção e conhecimento de causa. É tentar manter a sanidade descarregando no risco tudo aquilo que me transbordou e ficar vazia. É tentar fazer sentido sem precisar.

4 comentários:

  1. Sem dúvidas o texto daqui que eu mais gostei. Resumiu perfeitamente o ato de escrever <3

    ResponderExcluir
  2. Puxa Mande,

    esse texto foi muito lindo, interessante e verdadeiro.

    Me identifiquei muito com a parte do "Sempre me considerei melhor com as linhas do que com a voz, até pela timidez". Eu me sinto muito assim, sou tímida, mas quando escrevo eu falo pra caralho.

    Beijo na testa!
    http://www.portiprati.com/

    ResponderExcluir
  3. Que texto lindo, escrever é sempre tãao bom, é expressar nas palavras tudo que se sente, que vive, que sonha, que é.

    www.iasmincruz.com

    ResponderExcluir
  4. Olá Amanda

    Escrever realmente é muito bom. Mesmo escrevendo a bastante tempo, ainda tenho dificuldades de traduzir para a tela do pc tudo o que tenho aqui na minha cabeça doida. Ainda assim sigo tentando. :)
    Bjs menina

    Se puder me siga também no blog
    Grande abraço
    Blog Fernu Fala II

    ResponderExcluir