31.1.19
Minh'Aura
Eu vi o meu sol e dentro dele um lindo camarim de teatro. Clima retrô, nostalgia e uma menina sentada na cadeira da maquiagem. Era eu. Em momentos, cresci tão rapidamente que já não cabia mais naquele espaço. Então eu me mudei: era um salão de beleza. Muitos espelhos e espaço vazio. Só tinha eu, mas agora me cabia. Eu pensava na solidão, confusa e ao mesmo tempo libertadora. Tão minha. No fundo eu tava bem. Eu tava melhor do que sempre.
Dourado vibrante e branca era a minha rosa. Ela representa toda a mudança que passei por esse ano, a soltura das amarras, a transformação das crenças, o reconhecimento de mim. Transmutação que ainda está em curso. As partes se misturam e deixavam a mostra espaços ainda não preenchidos, em construção, em novas perspectivas. Mudanças de antigas crenças. Já era outra frequência: perdi sintonia de várias relações, não me bastava mais.
Então o rosa e o verde, em um embate amigável, dividem o meu coração e a minha predileção de cores. O espaço de doação sempre presente e confortável, o de recebimento chegando aos pouquinhos, marcando território. Poder entender e se apoderar dos amores é uma dádiva, um dos presentes mais bonitos que chegaram com a trajetória até aqui. Sem receber, só dar, eu não tava aproveitando o melhor que a vida terrena pode me dar. Você entende? Tá tudo bem, o ego também faz parte. E eu fico feliz por reconhecê-lo agora.
Azulejos portugueses e laranja colorem a minha casa. Pronta pra mim, do meu tamanho. Bonita, arborizada e esperando que eu leve os móveis e comece a mudança. Eu sinto que posso seguir pro lugar que eu construí durante tanto tempo e com muito esmero. Eu mereço. A intuição e a criatividade me trouxeram até aqui: o segundo e o sexto chacra ligados e em fluxo contínuo de troca, movimento que mantem a minha engrenagem funcionando. É aqui que eu quero estar.
Passei pelo vermelho, a raiz, e encontrei porta fechada. Eu, menina, mas do jeito que deveria. Algo se passava ali dentro, mas eu ainda não tinha permissão para entrar. Não tem problema, hoje eu sei esperar sem tanto peso. Sem tanta culpa. E passeei também pelo inexplicável e intangível. Há tanto que me agrega e daquilo que só eu tenho, acesso, só eu compreendo. Um lugar só meu de calma, entendimento com algo maior que guia e traz força. Uma bússola que agora eu sei ler.
Deixei a garganta por último por ter sido ela o meu maior desafio e redenção. O que melhor me define, me angustia e me traz de volta. O ponto da minha expressão, que tanto lutei contra e hoje tento liberar. Me liberar das amarras que eu mesma apertei. Sigo desatando nós, estabelecendo laços comigo mesma e com o que eu projeto pra mim. Cada vez mais minha.
Não foi fácil chegar até aqui. Tanto ficou pra trás, tanto ainda ficará. E às vezes o coração aperta, mas também se liberta. Sinto uma felicidade além do corpo de pensar o quanto eu já caminhei em direção a mim mesma. E os olhos marejam de gratidão.
Eu sei que isso é só o começo,
E eu agradeço profundamente pela oportunidade de me permitir
ser infinita.
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