tag:blogger.com,1999:blog-38204896856589585342024-03-21T19:48:04.776-03:00HipérbolesAmanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.comBlogger245125tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-84355567827760806772019-08-08T12:25:00.002-03:002019-08-08T12:26:50.168-03:00Sinestesia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_04yg_ewTPwcm4UYIOgTrCOj1ALcJm-psxAB4jZbciI4tvGBwcUOADgC8dFvLIMZ9xBk8Bj1t-xfaeuBOeNQRWI4MoPo8_QH1j64CkB5QcgGptaQkb4l2SCihUap0Vp_B5hObneaZQ24/s1600/1daa3289-28d0-4c9e-92f1-6af188ec352f.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="361" data-original-width="512" height="450" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_04yg_ewTPwcm4UYIOgTrCOj1ALcJm-psxAB4jZbciI4tvGBwcUOADgC8dFvLIMZ9xBk8Bj1t-xfaeuBOeNQRWI4MoPo8_QH1j64CkB5QcgGptaQkb4l2SCihUap0Vp_B5hObneaZQ24/s640/1daa3289-28d0-4c9e-92f1-6af188ec352f.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
Eu desejo que você possa, um dia,<br />
se ver como eu te vejo<br />
intenso, potente, possível<br />
Capaz de ser a faísca que gera o fogo incandescente<br />
Capaz de ser água que banha os olhos tristes e fundos<br />
de conquistar o mundo sem tanto alarde<br />
Assim como se apoderou do meu<br />
<br />
<a name='more'></a>Não houve resistência ou vontade contrária<br />
O universo se encarregou da surpresa esperada<br />
De alguma forma, já fazia parte do caminho,<br />
as nossas histórias se cruzaram em algum ponto do instante que passou e segue<br />
Deságua no nosso espaço infinito<br />
o agora<br />
<br />
Enxergo você<br />
e me enxergo em você<br />
na pureza das lentes que sentem as pessoas, na birra e no sorriso largo de criança<br />
Até em uma certa arrogância na certeza sempre ponderosa da dualidade<br />
No jeito bonito de se proteger do amor que a gente quer, de fingir não querer<br />
A gente compartilha e se reencontra nessas esquinas que as palavras permitem<br />
mas os atos relevam<br />
muito mais que as racionalidades nas quais a gente insiste<br />
<br />
Seja lá como for, meu bem,<br />
Se a gente chegou até aqui foi pra se marcar, deixar o gosto da saliva e do suor<br />
e da alquimia da mistura que arrepia<br />
Todos os meus pelos<br />
Todos os meus sentidos<br />
Sentimos por todos os poros<br />
Todos<br />
<br />
Me deixa fazer parte da tua poesia, rotina<br />
me prende nas entrelinhas,<br />
toma o controle<br />
Mesmo quando eu brinco não querer<br />
Que diga<br />
“você é minha”<br />
mesmo quando nós dois sabemos que isso pulsa em mim<br />
como um metrônomo descompassado<br />
na ânsia de ouvir a tua música no mesmo arranjo da minha<br />
<br />
O cheiro do toque na cintura, arco-íris na sinfonia da língua<br />
o tanto dito na pupila dilatada<br />
O inexplicável que acolhe você e eu.<br />
Nós e nossa<br />
sinestesia.Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-17691353228973296742019-07-30T12:01:00.003-03:002019-07-30T12:04:12.267-03:00De outro lugar<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOJ9mXP9WjG9xhnBPYLQEh7mhpFF-hUbYwGC3VJyGdrOFIFGHmqMCbTBz8D88rbb-c5qZ5rMuKd4MzrJ1cAeXzAgzfAD_-1GM3rPRVEIM8eizqhQbC127f2KMD8cHIMo9H5HgIntBTkrQ/s1600/fd25450a-1566-4dac-9cb6-bd20322b54f3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="1024" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOJ9mXP9WjG9xhnBPYLQEh7mhpFF-hUbYwGC3VJyGdrOFIFGHmqMCbTBz8D88rbb-c5qZ5rMuKd4MzrJ1cAeXzAgzfAD_-1GM3rPRVEIM8eizqhQbC127f2KMD8cHIMo9H5HgIntBTkrQ/s640/fd25450a-1566-4dac-9cb6-bd20322b54f3.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
Você diz que sou hábil com as palavras,<br />
mas ainda não encontrei as que conseguiriam descrever com precisão<br />
o alvoroço que se passa dentro quando reencontro<br />
a tua boca<br />
sorrindo, falando, beijando o pé do ouvido frio, a ponta do meu nariz<br />
tanta suavidade, tão encaixados<br />
Os pensamentos entram em curto circuito, as frases não fazem sentido e nem se inteiram<br />
Talvez só os olhos possam traduzir<br />
as ondas quentes que se alastram pelo meu corpo, que dilatam as minhas pupilas<br />
quanto você me toca<br />
<a name='more'></a><br />
Eu poderia recorrer aos clichês, dizer que todos os caminhos apontavam a gente<br />
mas seria inexato<br />
Estaria destinando à superfície uma história que eu tenho a convicção de ser tão além<br />
da nossa vaidade<br />
do que eu já vivi, das esperas limitadas, do controle<br />
Não corresponde a nenhuma premonição, é sempre mais autêntico<br />
Mais digno, mais real<br />
<br />
Não brotou da ilusão mas criou raiz pela vontade, pela parceria, sinceridade<br />
às vezes do verbo, muito mais da disponibilidade da alma<br />
E todo dia aprendo um pouco contigo sobre a liberdade que existe<br />
em precisar de alguém, sem posse,<br />
em desejar fazer parte da tua felicidade enquanto eu puder contribuir com ela<br />
<br />
Você é ponto fora da curva, quebra de expectativa, a elevação dela<br />
A surpresa, a vontade de arriscar mesmo com medo, mesmo com o ego, o novo<br />
O toque do sol na pele depois de dias de chuva<br />
as borboletas que dançam no estômago enquanto escrevo, repenso e tento escolher termos que consigam expressar o infinito<br />
entre nós dois.<br />
<br />
(Demorei certo tempo pra conseguir redigir esse texto, pensando na imensidão que ele não dá conta, ainda. Mas, se eu conseguisse descrever com tanta precisão, talvez não fosse tão bonito tudo o que eu sinto quando olho pra você. É só o começo. Está em construção, assim como as minhas palavras).<br />
<br />
Te agradeço por me proporcionar esses sentimentos incríveis e potentes,<br />
que me fazem grande, imbatível.<br />
E por me fazer admirar alguém como nunca na vida.<br />
<span style="color: white;">Eu te amo de outro lugar.</span>Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-21993321491315424692019-07-01T13:48:00.002-03:002019-07-01T17:50:12.275-03:00Eu sou caminho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1jvRxCFWhDLC09TQyWGEKac6-Iqa9HYuxeR2D28GSKrAPsjyF1Dsg0x-aY0mJ-g5lYvCFK_KDd-e6Ji7MavD77MQDe5tfcPjNI4YVQhpIQ8nuOrui_sH5pKsKc-iZB8p1uizK5h2aR0g/s1600/unnamed.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="593" data-original-width="864" height="438" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1jvRxCFWhDLC09TQyWGEKac6-Iqa9HYuxeR2D28GSKrAPsjyF1Dsg0x-aY0mJ-g5lYvCFK_KDd-e6Ji7MavD77MQDe5tfcPjNI4YVQhpIQ8nuOrui_sH5pKsKc-iZB8p1uizK5h2aR0g/s640/unnamed.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Quando eu coloco os patins nos pés eu sou liberdade.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
</div>
<a name='more'></a><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Fone de ouvido nos <i>pops</i> preferidos e a atitude mais instintiva, a sobrevivência. Por horas eu sou só isso. Os carros, os desvios, as paisagens. Tudo passa por mim e eu passo por tudo. Sou presença, na forma mais autêntica que conheço. E assim me vejo inteira, entre erros e acertos. É nessa hora que consigo acolher o que é meu, ainda que não entenda por completo. O que se mistura e se funde sem perder a essência. Traz o sentido.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Foi na instabilidade que eu cresci e me reencontrei. E nenhuma metáfora se encaixa tão bem com o meu momento quanto esse companheiro de oito rodas. Eu tive que despregar do chão, cortar raízes e me sentir desprotegida pra conseguir respirar. Eu tive que perder o medo cair, de me readaptar, de levantar de novo pra seguir o asfalto. Pra seguir mina trilha. Eu sempre fui mais ar do que terra e meu mapa astral tá aí pra provar. Perdi minhas asas por um tempo. Prendi, podei, fiquei na dor. E precisava ficar - já não preciso.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Me vejo mais perto de mim a cada fase. Cada curva, cada ladeira, viaduto, freio, piso áspero. A euforia de um recomeço se despede e eu me aproximo do solo mais leve, mais sóbria. Já não existe a mesma inocência e eu sou grata por isso, mas ainda habita em mim certa pureza que, embora eu julgue, às vezes, é a minha prosperidade. Eu aprendo todo dia um pouco com o eu que descobri admirar. É o que me liberta, é a minha força.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
É por esse instrumento que sou firme e fluxo, bamboleando entre os limites e os equilíbrios, nem oito nem oitenta, nem presa à deriva. É na fluidez que posso ser minha melhor versão. É a escola da minha voz e expressão, identidade, ego e vulnerabilidade. Me sinto à vontade pra dizer quem eu sou ao mundo, sem vergonha, meus gostos, minhas incertezas e esperanças. Meu termômetro de mudança. O tanto que eu ressignifiquei, transformei. Agora posso florescer de maneira consciente. Sem romantismos.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Eu sinto amor e orgulho intenso, imenso, por todo o meu processo. Já não sinto aquela vontade de olhar constantemente pra trás, de me abraçar com a covardia. Mas não viro as costas. O que vier do passado, eu tô pronta pra enfrentar sem tanto receio. Com muito mais honestidade. Esse é o compromisso que firmei comigo.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Entendi que</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
eu sou caminho.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Não fixo, não fico; eu só passo.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Levo um tanto e deixo um outro tanto</div>
e sigo na dança das rotas da autodescoberta<br />
- da estrada eu só quero as sensações<br />
preciosas.Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-86255491943290606882019-06-16T17:21:00.003-03:002019-06-16T17:31:04.010-03:00Br(ok)en and stuff<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt40GyR3Qd9jVYT9WWjYHV6p7h9zpqABaPEu55hAHMLMYdwa8-RlYK9gISTQDFuip661gX1wHb0oFrP7HI9oryHLjXqIOZ6kKjoy2SD2yXIAGY3dq6laQWNNor1B-TRtiknmr6lSQ6Ens/s1600/abuso-sexual.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="956" height="334" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt40GyR3Qd9jVYT9WWjYHV6p7h9zpqABaPEu55hAHMLMYdwa8-RlYK9gISTQDFuip661gX1wHb0oFrP7HI9oryHLjXqIOZ6kKjoy2SD2yXIAGY3dq6laQWNNor1B-TRtiknmr6lSQ6Ens/s640/abuso-sexual.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
Hoje é um daqueles dias de chuva em que eu daria meu reino pra não estar dentro de casa. É um dia que te força a entrar na concha, mergulhar no escuro das sombras e dar de cara com aquilo que a gente vem se mantendo ocupada pra não ter que lidar. Eu sempre soube que esse dia chegaria, hora ou outra. E é saudável que chegue. Não dá pra viver sorrindo o tempo inteiro, eu mesma falei pra mim ontem. É como se a chuva trouxesse sobriedade, acalmasse a euforia e liberasse certa angústia. Pelo menos é assim que eu me sinto agora.<br />
<br />
<a name='more'></a>Eu me lembrei de uma lapso de memória que tive sobre você dia desses. Foi uma lembrança rápida, não dei muita importância. Mas de algo que vejo em você desde quando a gente tinha o costume de conversar todos os dias. Sempre foi estranho pra mim o tipo de personagem que você veste pra encarar o mundo. Todos nós vestimos algum, aliás. Seria hipócrita que dizer que não. Mas o seu carrega algo que, de alguma forma, me toca. Me incomoda: talvez a forma de fingir que é inabalável quando eu sei que não.<br />
<br />
Essa máscara carrega um tanto de covardia, sabe? De sentir e de deixar os outros olharem pela fresta. E mais uma vez caio no dilema, porque todo mundo faz isso. Deve ser porque eu sei que você poderia ser muito mais e não é. Algo te freia, uma dor de talvez você não precise se agarrar como se dependesse disso pra ser você mesmo. Você é além. E eu sinto que isso continua a se perpetuar, mesmo não estando perto. A energia é a mesma de antes e isso me fez ir embora. Mas não quer dizer que eu não me importe mais. Acho que eu sempre vou.<br />
<br />
Me disseram que eu tenho um brilho no olhar, por esses dias. E eu tenho mesmo. E tinha, no momento em que ouvi isso. Mas não é sempre, você entende? Também tem muita sombra, medo, escombro... tem muito de mim no que me incomoda em você. Todos os dias tenho buscado quebrar a casca que me aprisiona em mim mesma, me expor por mundo sem tanto medo da vulnerabilidade. Mas o processo não é sempre bonito e poético. Às vezes me rasga, me mastiga. Me coloca nesse lugar de impotência e de limitações.<br />
<br />
São nessas horas que a gente sente onde tá, onde pode chegar. E por mais que a melancolia me faça companhia, assim como as gotas da água que insistem em não parar passam pela janela, eu vejo o quanto eu caminhei. O quanto estou no caminho pra outras liberdades. Olho pra você e desejo o mesmo Sinto raiva. Sinto compaixão. Sinto vontade de ficar longe. Sinto que parte de mim já superou esse sentimento e que outra parte ainda se prende a ele.<br />
<br />
Eu desejo que a gente seja resiliente. Que eu tenha sabedoria pra entender que flutuo entre o sorriso e a dor. E que existem vários espectros dentro desse campo. Eu sou todos eles e nenhum. Que eles passem, mas não façam morada. Que a dor ressignifique e não estagne a nós. Eu vejo minhas falhas, minhas quedas e minhas quebras e sei que não havia mais caminhos em busca da minha cura ao lado da tua trilha. Foi por mim. E por você também. Eu sou você. Fugi muito de assumir isso, mas sei que em algum momento vai fazer sentido.<br />
<br />
Eu quero ser vista e ouvida.<br />
Não como a mulher que é simpática, sorridente, engraçada, bonita<br />
jornalista, auditiva, irônica, teimosa<br />
Eu quero ser toda respeitada. Até na seriedade que as pessoas estranham por não ser tão comum<br />
No que eu não me reconheço ainda<br />
E que tem mais de mim do que eu gostaria de admitir.<br />
<br />
Eu quero meus virtudes e meus vícios brilhando pro mundo. Sem romantização, sem a necessidade de palavras de efeito pra mascarar. Algo que eu acho que você ainda não tá pronto. Parte minha também não está, confesso. Mas esse medo já não é fator tão relevante nessa equação.<br />
<br />
É a minha forma de libertar o tanto de você que ainda ficou aqui.<br />
Essa é a nossa lição.Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-61283626890511964922019-06-12T17:08:00.003-03:002019-06-12T17:10:46.106-03:00A minha aposta<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAcj8VEIBzNzgpW-pXzcIMc_346Z_y4TMU8JNcesz9SWVNlg52WlRrdyZ4wk0_4yu_BgAQPgF6EFrJXSYF9K9RduDkDVxeRA0S4Ya9GzPjNFPzJ9-kW8GTZzYWP0WjZeLPdtMiDE_P6lc/s1600/Patins8.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="396" data-original-width="628" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAcj8VEIBzNzgpW-pXzcIMc_346Z_y4TMU8JNcesz9SWVNlg52WlRrdyZ4wk0_4yu_BgAQPgF6EFrJXSYF9K9RduDkDVxeRA0S4Ya9GzPjNFPzJ9-kW8GTZzYWP0WjZeLPdtMiDE_P6lc/s1600/Patins8.jpg" /></a></div>
<br />
Não teria como contabilizar, ainda que quisesse, a quantidade de vezes que eu ensaiei esse discurso na minha cabeça. Eu vou, volto e refaço as falas. Penso no que pode ser mal interpretado, entendido como pressão ou como descaso. Desculpa a minha falta de coragem pra assumir o que eu suponho que você já sabe. Talvez nem saiba e eu quero acreditar que sim só pra não me sentir tão culpada pelo meu medo. E eu vou fazer rodeios pra falar, engasgar, ponderar mil vezes se devo. Vou parecer uma menina de 15 anos com seu amor platônico da escola. Mas prometo que chego lá.<br />
<br />
<a name='more'></a>Eu tenho uma certa necessidade de segurança pra dar o próximo passo. Todas as decisões que eu tomo passam por isso. Quero saber onde eu tô pisando e onde pode ser a queda. Mas a verdade é que essa mania me impede de arriscar mais e viver coisas incríveis, além de que essa certeza toda não existe. É sempre um risco, um tiro no escuro, uma aposta pra vê no que vai dar... e eu tô me esforçando pra soltar mais a ideia. Acho que estou conseguindo. Aos poucos, mas tô. E a beleza disso tudo é a dignidade de assumir que não tem nada de perfeito no processo.<br />
<br />
Exato por isso é bonito. E eu faço muita questão de ser honesta contigo.<br />
<br />
E aí eu chego em você.<br />
<br />
E pra mim, várias primeiras vezes. Surpresas das boas. Uma autenticidade de inspirar - além de um sorriso de descarregar as nuvens mais cinzas e liberar o sol mais quente dentro de mim. Uma conexão de palavras, ideias, gostos, corpo que vem se encaixando, moldando, dando forma. E cada vez que encaixa eu respiro mais fundo. Aí me toquei do quanto eu quero mergulhar. Ir fundo, não pensar muito. Sabe? Mas sem pressão, assim como vem sendo. As coisas podem acontecer no seu tempo porque é mais gostoso. E eu tô curtindo a gente demais.<br />
<br />
Mas sinto que eu preciso te dizer tudo isso que tô repassando aqui. Talvez me dê coragem, talvez saia mais torto do que eu gostaria. Sei que você vai entender, de uma forma ou de outra. Só quero que você saiba que o caminho tá livre. E que, mesmo com todas as minhas amarras, eu tô disposta a ver onde esse caminho pode dar. Dessa vez sem tantas defesas, tantos limites e nós na garganta. Que a lealdade possa ser uma companheira de viagem, de mergulho, de descobrimento, como tem se mostrado. Independente do destino.<br />
<br />
Isso tudo é só pra dizer<br />
(bem pertinho do teu ouvido)<br />
que a minha maior aposta<br />
é na gente.<br />
Bora comigo?Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-20256404738556889022019-04-13T15:05:00.002-03:002019-04-13T15:07:57.889-03:00A porta do meu guarda-roupa caiu<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgy1PAzQeaUGaG5R2SnuVMWVuTVG6ZYXv9BGAoFxxQXKJww600G5q3Pj-rCXCu3KTw9M2zHwkZ97rfi5de3P3QC-nTJFWY-hYX1mDlNwZbYw2_9yik7SLvYBIhiN7mpf9EgF6fRkDgDK10/s1600/IMG_7257.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgy1PAzQeaUGaG5R2SnuVMWVuTVG6ZYXv9BGAoFxxQXKJww600G5q3Pj-rCXCu3KTw9M2zHwkZ97rfi5de3P3QC-nTJFWY-hYX1mDlNwZbYw2_9yik7SLvYBIhiN7mpf9EgF6fRkDgDK10/s640/IMG_7257.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white;">A porta do meu guarda-roupa caiu</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">Começou a emperrar, de repente não tinha mais como olhar o que tinha dentro sem desencaixa-lá dos trilhos</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">Eu segurei o peso e tirei</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">A bagunça das roupas dentro tá exposta pra eu poder ver</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">Os cabides, calças e shorts jeans, blusa e camisas, calcinhas e pijamas</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">Tudo no emaranhado que eu consigo entender</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">Às vezes coloco tudo fora de uma vez, às vezes enfio tudo dentro</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;">O lugar onde estão os meus itens mais íntimos</span><br />
<span style="font-family: inherit;">que me vestem</span><br />
<a name='more'></a><span style="font-family: inherit;"><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">Agora bate luz</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">E eu posso ver o que eu quero e o que não, as roupas que eu preciso me desfazer </span><br style="background-color: white;" /><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">Pela primeira vez eu não tenho vergonha da desorganização </span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">Talvez por ter pedido a vergonha de mostrar a mim mesma</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">De receber o julgamento do que os outros acham do que tem por dentro</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">Eles não sabem, eles nunca saberão </span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">E eu não preciso de permissão pra ser quem eu sou</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">Nem preciso da dor como companheira para atestar a minha história</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">Eu sou muito mais do que isso</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">As minhas cicatrizes não definem quem eu sou</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">Assim como também não os triunfos</span><br style="background-color: white;" /><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">Eu não quero ser heroína, nem santa, nem a vilã do conto de alguém </span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white;">Eu sou quem vive aquilo que vem no momento</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">Sem o rótulo do olhar alheio ou do meu mesmo</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">Eu vou ser fiel àquilo que minh’alma vibrar</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">E libertar toda a ancestralidade que eu carrego</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">O peso, o legado que não será mais nosso. Eu assumo essa liberação </span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white;">Das muitas mulheres que me compõem</span></span><br />
<br />
Já não existe bicho-papão dentro do meu armário<br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white;">Está tudo exposto, cartas na mesa</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">Para que eu possa separar</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">O que é meu, o que sou eu</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">O que é da minha história e o que me deram</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">O que não me importa e o que me estrutura, a minha flexibilidade</span><br style="background-color: white;" /><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">A arrumação começou.</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">A intuição e o feminino são os meus guias.</span><br style="background-color: white;" /><span style="background-color: white;">Eu to pronta pra começar a faxina.</span></span>Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-61658822243403101002019-03-31T21:14:00.001-03:002019-03-31T21:14:40.119-03:00In chaos <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh1xNTSgtjBRFNcpHWGeq_zRsyqc7G6XadKh4MLNSvpuA5QmykWooEtIEyP8F5m6PxCiyS8DnIiPi5UPjg1NHc4LDzau9omNkSW_no4UR52RzTVigitruk_EfubRhWs-sGTGMgJ1S0KR8/s1600/tumblr_static_tumblr_static_pwrpoqih1n48840ok4ck44ow_640.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="228" data-original-width="407" height="358" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh1xNTSgtjBRFNcpHWGeq_zRsyqc7G6XadKh4MLNSvpuA5QmykWooEtIEyP8F5m6PxCiyS8DnIiPi5UPjg1NHc4LDzau9omNkSW_no4UR52RzTVigitruk_EfubRhWs-sGTGMgJ1S0KR8/s640/tumblr_static_tumblr_static_pwrpoqih1n48840ok4ck44ow_640.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; color: #222222;">Tudo saiu do mesmo controle e mesmo assim tá tudo bem</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">Não lavei o cabelo, as olheiras tão fundas</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">As conversas do WhatsApp se acumulam, assim como os episódios das séries que acompanho</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">O trabalho de conclusão de pós está por começar há meses</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">Os empregos tomam boa tarde da minha energia</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">Hoje é sexta-feira e eu tô estafada, mas amanhã ainda tem expediente</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">Não consigo parar pra meditar ou escrever, nem ao menos refletir sobre as questões</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">A rotina me engoliu, mastigou, cuspiu e disse que não me queria mais</span></span><br />
<a name='more'></a><span style="font-family: inherit;"><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">Ainda assim</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">Por mais paradoxal e contrastante que seja</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">Eu finalmente tenho o domínio sobre o caos que eu preciso ter</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;">porque segurança demais me paralisa<br style="background-color: white; color: #222222;" /><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">Sinto a energia forte, em movimento, intensa</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">Seguindo o fluxo contínuo, se expandindo</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">Aprendendo a afastar o que não acrescenta, o que não é importante,</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; color: #222222;">ressignificando, renascendo</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">Traçando novas rotas, planos, sonhos</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">Explorando o potencial, ainda que timidamente</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">Eu assumi, aceitei, acolhi, abracei</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">Até o que eu não gosto em mim</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">E perdoei</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">Soltei</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">E por isso posso seguir sem aquele sentimento de felicidade que sempre tava acompanhado de uma angústia pulsante</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">Agora tá limpo, claro e calmo</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;">Agora posso me ver<br style="background-color: white; color: #222222;" /><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">Mergulhei no caos feito água</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">E comecei a seguir a correnteza,</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">amiga da fluidez</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">Ocupando os espaços que me cabem</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">E me deixei entrar na essência</span><br style="background-color: white; color: #222222;" /><span style="background-color: white; color: #222222;">Que sempre foi minha.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; color: #222222;"><br /></span></span>
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; color: #222222;">Prendi a respiração e nadei até o fundo</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; color: #222222;">Daí pude encontrar o brilho que só a profundidade tem.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; color: #222222;">Senti o coração bater e vibrar</span></span><br />
<span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: white; color: #222222;">Sei que posso subir à superfície sempre que eu quiser.</span></span>Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-42567012538757019142019-03-13T23:22:00.000-03:002019-03-13T23:29:30.145-03:00Meio do teu nome<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQk9Ilov5LBC5RFciGWkSFmZpfdNTYEsrKn4r1oQe-62DEcaoLba-kmNxyC5FVJ9InbAA0tnqdfC-M7omPMVvzpkdcYgQsJXeHcUx5aBb8Qmsn09NMWgQf7kmhGB1Q8DMqm9eeH86SDDg/s1600/Aud_Novembro2015_Pag11-552x340.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="340" data-original-width="552" height="394" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQk9Ilov5LBC5RFciGWkSFmZpfdNTYEsrKn4r1oQe-62DEcaoLba-kmNxyC5FVJ9InbAA0tnqdfC-M7omPMVvzpkdcYgQsJXeHcUx5aBb8Qmsn09NMWgQf7kmhGB1Q8DMqm9eeH86SDDg/s640/Aud_Novembro2015_Pag11-552x340.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
Hoje eu chamei outra pessoa pela metade do teu nome<br />
Eu chamei e me veio à memória<br />
De todas as metades que a gente foi<br />
da nossa incapacidade de ser além do medíocre<br />
E até nessa hora fui meio tristeza, meio alívio<br />
Meia culpa e meia saudade<br />
<br />
<a name='more'></a>Me veio as conversas, as brigas, os sentimentos, os eu te amo, as vontades, os toques, o choro, o fim<br />
Tudo sempre morno, abafado<br />
Copo que achava estar meio cheio,<br />
mas sempre foi meio vazio.<br />
O meio-termo, a falta de vontade o suficiente,<br />
O meio, o mediano. O monótono.<br />
Nem café nem sorvete<br />
Água que não gela e nem mata a sede, nem ferve e queima<br />
<br />
O que eu não suportei<br />
E me fez ir embora sem meias palavras<br />
Na certeza de que eu não volto,<br />
Eu me despedi inteira.<br />
E agora posso borbulhar.<br />
<br />
Apenas fomos o todo quando não já eramos mais nós.<br />
Eu só pude ser completa sozinha.Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-52930052675268002332019-02-16T10:50:00.002-03:002019-02-16T10:55:33.900-03:00O custo infinito daquilo que não custa nada<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBUjBBHPvIBUhOMpe9GXXaOqt6wpPszpLD9Gy1iBNXrUduSMMkoGD-N1vVmAUhNGS5667GSSV_qZZOQ7AdihY3oRlPcFwiv-S-jmqbW7Ff8O2SV07eOQtVDhAlJ9O1PLCAlkQ25KoHnvg/s1600/tumblr_static_tumblr_static_65d71bi5710c4ok488s8kcks4_640-thumb-800x448-171863.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="359" data-original-width="640" height="358" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBUjBBHPvIBUhOMpe9GXXaOqt6wpPszpLD9Gy1iBNXrUduSMMkoGD-N1vVmAUhNGS5667GSSV_qZZOQ7AdihY3oRlPcFwiv-S-jmqbW7Ff8O2SV07eOQtVDhAlJ9O1PLCAlkQ25KoHnvg/s640/tumblr_static_tumblr_static_65d71bi5710c4ok488s8kcks4_640-thumb-800x448-171863.png" width="640" /></a></div>
<br />
"(...) Mas não custa nada".<br />
<br />
Essa frase acompanhou minha trajetória em família e ainda acompanha.<br />
Arriscaria dizer que é uma herança de muitas gerações<br />
Um fardo que me pesa os ombros<br />
<br />
<a name='more'></a>Tantas foram as vezes que eu aspirei esses dizeres<br />
e consenti em carregar questões que não eram minhas<br />
e de ir contra o que era<br />
Abrir mão de mim e acolher outrem, alguém, ninguém,<br />
nunca Amanda.<br />
<br />
Infelizmente demorei tempo demais pra entender que cada vez que eu cedia,<br />
eu aumentava a minha dívida e que uma hora a conta ia chegar<br />
De empréstimo em empréstimo eu fui me endividando<br />
Me afogando, me enchendo e me esvaziando<br />
<br />
Dava uma parte que era minha e que não poderia recuperar<br />
me anulando, me culpando, me cobrando<br />
Sendo que o ter que de nada vale. A expectativa alheia tem sempre um preço muito alto<br />
porque chega uma hora que a fonte esgota,<br />
pareço que vou explodir se mais um sim sair da minha boca<br />
<br />
Não não não não não não não não não não não e não<br />
Não vale minha paz, meu espaço, minha individualidade, minha vontade<br />
<br />
Eu vou falar por um tempo. Preciso recuperar o investimento perdido<br />
olhar pra dentro, questionar o que eu sinto. Começar a encher a minha poupança<br />
Resgatar o tanto dado que passou da conta<br />
Equilibrar a cotação do dar e do receber<br />
Ser digna.<br />
<br />
Talvez eu liberte tantos outros<br />
Talvez eu não seja entendida por tantos outros...<br />
e nem penso que a culpa desaparece instantaneamente. Será minha companheira, ainda<br />
Pode ser que isso continue sendo carregado por mais tempo nas costas de quem não aguenta<br />
Tudo bem<br />
<br />
Mas eu aceito algum peso, não todo<br />
Rasgo a casca daquilo que não sou eu, mesmo que arda a pele<br />
E a partir de hoje não permito que outrem, alguém, ninguém<br />
diga como eu devo agir na minha autonomia.<br />
Sempre Amanda.Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-24999100182194907112019-02-02T09:41:00.000-03:002019-02-02T09:41:38.051-03:00Coisas do adeus que eu ainda não sei lidar<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgudZgREGzJ1C2-c-uWYtEwuz9ADSAHf2QPyrEqRhvLqwjGrKrtB0Bq0EXYG2pJci8V9EQNHhM8HL5oxPpeJdN5-vdmhip3OKf_XBLCqKB17vwgWamvh6miT5Q_btSczCEghpIpmCeFFnw/s1600/1_flOwez2HKNAMwXbKYcc3ig.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="332" data-original-width="500" height="424" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgudZgREGzJ1C2-c-uWYtEwuz9ADSAHf2QPyrEqRhvLqwjGrKrtB0Bq0EXYG2pJci8V9EQNHhM8HL5oxPpeJdN5-vdmhip3OKf_XBLCqKB17vwgWamvh6miT5Q_btSczCEghpIpmCeFFnw/s640/1_flOwez2HKNAMwXbKYcc3ig.jpeg" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
Ir embora sempre foi muito difícil pra mim. Evito o adeus até o último momento.<br />
<br />
<a name='more'></a>Eu quero ter a certeza<br />
absoluta, irrevogável, inquestionável<br />
da melhor escolha. Da escolha certa<br />
De que eu fui embora e não vou ter vontade de olhar pra trás, não vou me arrepender, não vou levar comigo parte da dor de quem ficou, a minha própria dor<br />
de que não vão haver mágoas, rupturas, conflitos<br />
<br />
Mas eu aprendi que todo adeus deixa marcas e escolher é também carregar o peso da não-escolha<br />
e agora eu vejo que por muito tempo eu não quis carregar as minhas culpas<br />
por estar carregando as culpas erradas, que não são minhas<br />
e pelo medo dominar os meus próprios demônios - é mais fácil incriminar o outro<br />
o que fez com que eu me destruísse em situações sem saída, na ilusão<br />
de ser perfeita<br />
<br />
Essa convicção não existe<br />
é sempre um tiro no escuro, um caminho turvo<br />
que só se abre quando eu aceito a renúncia, a angústia, o possível arrependimento<br />
Até mesmo ser a culpada do outro<br />
Entender que posso magoar alguém só por ser quem sou e querer o que quero.<br />
<br />
Às vezes, os caminhos se afastam pra se encontrar em um lugar onde nada disso importa mais<br />
mas hoje eu preciso conquistar a minha coragem e confiar<br />
Porque, no fim, todos os caminhos vão me levar pra vida que eu escolher<br />
Estarão prontos, se eu estiver,<br />
para o fim<br />
que desencadeia um outro início, uma nova etapa,<br />
uma virada na minha vida.<br />
<br />
Eu vou deixar a porta aberta.Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-41464872876727300502019-01-31T13:37:00.001-03:002019-01-31T13:38:46.492-03:00Minh'Aura<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjIXVWX5ga6kZXqXwjuC3i-yJLRLRw6IUZzZMkmLchOCyLsiwVootfCfae6oELfIBlYEeaqxK6fzLdfsAG9VoMfyV4unx5e2EMZghXALYMjPs3jllYkPw-tUJ-IHL30fou_p7YgqYzlSI/s1600/tumblr_static_tumblr_static_bg01uoh8fmog8oo4g4ww4c48o_640.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="282" data-original-width="500" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjIXVWX5ga6kZXqXwjuC3i-yJLRLRw6IUZzZMkmLchOCyLsiwVootfCfae6oELfIBlYEeaqxK6fzLdfsAG9VoMfyV4unx5e2EMZghXALYMjPs3jllYkPw-tUJ-IHL30fou_p7YgqYzlSI/s640/tumblr_static_tumblr_static_bg01uoh8fmog8oo4g4ww4c48o_640.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
Eu vi o meu sol e dentro dele um lindo camarim de teatro. Clima retrô, nostalgia e uma menina sentada na cadeira da maquiagem. Era eu. Em momentos, cresci tão rapidamente que já não cabia mais naquele espaço. Então eu me mudei: era um salão de beleza. Muitos espelhos e espaço vazio. Só tinha eu, mas agora me cabia. Eu pensava na solidão, confusa e ao mesmo tempo libertadora. Tão minha. No fundo eu tava bem. Eu tava melhor do que sempre.<br />
<br />
<a name='more'></a>Dourado vibrante e branca era a minha rosa. Ela representa toda a mudança que passei por esse ano, a soltura das amarras, a transformação das crenças, o reconhecimento de mim. Transmutação que ainda está em curso. As partes se misturam e deixavam a mostra espaços ainda não preenchidos, em construção, em novas perspectivas. Mudanças de antigas crenças. Já era outra frequência: perdi sintonia de várias relações, não me bastava mais.<br />
<br />
Então o rosa e o verde, em um embate amigável, dividem o meu coração e a minha predileção de cores. O espaço de doação sempre presente e confortável, o de recebimento chegando aos pouquinhos, marcando território. Poder entender e se apoderar dos amores é uma dádiva, um dos presentes mais bonitos que chegaram com a trajetória até aqui. Sem receber, só dar, eu não tava aproveitando o melhor que a vida terrena pode me dar. Você entende? Tá tudo bem, o ego também faz parte. E eu fico feliz por reconhecê-lo agora.<br />
<br />
Azulejos portugueses e laranja colorem a minha casa. Pronta pra mim, do meu tamanho. Bonita, arborizada e esperando que eu leve os móveis e comece a mudança. Eu sinto que posso seguir pro lugar que eu construí durante tanto tempo e com muito esmero. Eu mereço. A intuição e a criatividade me trouxeram até aqui: o segundo e o sexto chacra ligados e em fluxo contínuo de troca, movimento que mantem a minha engrenagem funcionando. É aqui que eu quero estar.<br />
<br />
Passei pelo vermelho, a raiz, e encontrei porta fechada. Eu, menina, mas do jeito que deveria. Algo se passava ali dentro, mas eu ainda não tinha permissão para entrar. Não tem problema, hoje eu sei esperar sem tanto peso. Sem tanta culpa. E passeei também pelo inexplicável e intangível. Há tanto que me agrega e daquilo que só eu tenho, acesso, só eu compreendo. Um lugar só meu de calma, entendimento com algo maior que guia e traz força. Uma bússola que agora eu sei ler.<br />
<br />
Deixei a garganta por último por ter sido ela o meu maior desafio e redenção. O que melhor me define, me angustia e me traz de volta. O ponto da minha expressão, que tanto lutei contra e hoje tento liberar. Me liberar das amarras que eu mesma apertei. Sigo desatando nós, estabelecendo laços comigo mesma e com o que eu projeto pra mim. Cada vez mais minha.<br />
<br />
Não foi fácil chegar até aqui. Tanto ficou pra trás, tanto ainda ficará. E às vezes o coração aperta, mas também se liberta. Sinto uma felicidade além do corpo de pensar o quanto eu já caminhei em direção a mim mesma. E os olhos marejam de gratidão.<br />
<br />
Eu sei que isso é só o começo,<br />
E eu agradeço profundamente pela oportunidade de me permitir<br />
ser infinita.Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-48325671516891048462018-11-22T12:41:00.004-03:002018-11-22T12:41:59.008-03:00Minha história é sobre não ser a Barbie<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-NIEgqWwuYSD_Yn1BIeXc4z5RM-w025-FQShS5HIc57w7RuwC5E_YvpyaUXhV0AHeOOz7uCIxpcDqNKS92VEMH979rMOT5GVkPGzWZnRtJv4StKoJ7O3YK6yUil3vxoDmKgPs-aep6bM/s1600/fhm-barbie-640.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="640" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-NIEgqWwuYSD_Yn1BIeXc4z5RM-w025-FQShS5HIc57w7RuwC5E_YvpyaUXhV0AHeOOz7uCIxpcDqNKS92VEMH979rMOT5GVkPGzWZnRtJv4StKoJ7O3YK6yUil3vxoDmKgPs-aep6bM/s640/fhm-barbie-640.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
Quando eu era criança, por volta dos cinco ou seis anos, eu queria ser a Barbie. Eu acreditava nisso de uma maneira tão genuína que era certo, na minha cabeça, que um dia eu teria os cabelos loiros com mechas laranjas que eu pintava num livro da boneca que a minha madrinha me deu.<br />
<a name='more'></a><br />
Os olhos azuis, a pele clara, os fios lisos, a estatura ideal e a cintura mais fina que eu conseguia imaginar: era isso que eu queria. Só que eu exibia íris escuras, cachos castanhos, cor alguns tons acima, uma altura que me presentou com o apelido de "baixinha" por muitos anos na escola e um corpo que nem de longe remeteriam a perfeição que eu almejava. E lembro de muitas situações em que isso foi esfregado na minha cara como esponja de aço.<br />
<br />
Poderia citar um momento da alfabetização. Minha melhor amiga tinha o cabelo super escorrido, tanto que era difícil até de prender. Ostentava uma franja no meio da testa que eu queria também, então cheguei em casa e cortei meu cabelo encaracolado no mesmo lugar, crente que ficaria exatamente igual e isso me rendeu meses de presilhas e encobrimentos. Ou relembrar a primeira série, quando fui ao colégio com meus cachos curtos e armados e escutei que "aquilo" (uma parte minha) era horrível, que eu era uma bruxa. Essa deve ser a história mais triste e marcante que tenho a época.<br />
<br />
E aí vieram vários anos de madeixas presas e, logo que minha mãe permitiu, alisei. Horas no salão para o retoque, Chapinha, secador e nada de praia ou piscina pra não desgrenhar o que tava arrumado. Minha rotina durante uns 11 ou 12 anos.<br />
<br />
Sempre que meu pai chegava no trabalho e me via "arrumando" os fios, perguntava se eu já tava brigando com a chapinha. "A culpa é sua de eu ter nascido com cabelo ruim", eu repeti isso inúmeras vezes pra ele, que vem de uma família com descendência negra forte.<br />
<br />
Era muito natural pra mim falar isso. O mundo rejeitou o meus traços e eu acolhi essa negação de mim mesma. O cabelo era o símbolo maior disso, mas tinha tantas outras características: eu não gostava do meu nariz, nem das minhas pernas que se esparramavam na cadeira quando eu me sentava e nem de não ser magra como as minhas amigas do colégio. Eu era grosseria, eu não era feminina como elas, entende? Pelo menos era assim que eu sentia. Então, em todo o meu tempo escolar eu nunca ousei pensar falar com algum menino que eu gostasse. Era claro que ele jamais se interessaria por mim, com tantas meninas muito mais bonitas e femininas que eu. A escola era o lugar mais intimidador possível. Tanto que até hoje eu evito voltar lá.<br />
<br />
Depois de um tempo, clareei o cabelo. Se não dava pra ser a Barbie naturalmente, que eu desse um jeitinho. Estraguei bastante os fios com descolorante, calor e químicas que faziam as narinas arderem. E a vida foi passando. Tive namorados, faculdade, choros e sorrisos, e, em algum momento, eu até entrei na academia. Mas alguma coisa ali não fazia sentido, não encaixava. Com o tempo, esse sentimento foi ficando cada vez mais forte, até chegar ao ponto de eu me olhar no espelho e não me reconhecer. Quem era aquela menina que me encarava com um olhar confuso?<br />
<br />
"A gente pode enfeitar os exterior com vários adereços, mas a raiz sempre vai nascer do jeito que ela é", me disseram uma vez. Não exatamente dessa forma, mas uma semente foi plantada. E essa frase me serviu de tantas maneiras... decidi dar uma chance pro meu cabelo natural em 2015. São quase quatro anos de paixão e cuidado pelos cachos que ostento no topo da cabeça. Com isso, nasceu meu TCC sobre transição capilar. Nasceu empatia, nasceu o conhecimento de outras pessoas que passaram pelo mesmo e nasceram experiências incríveis. Renasceu o meu amor-próprio.<br />
<br />
Nada chega a superfície antes de brotar raiz.<br />
<br />
Não sei exatamente onde quero chegar com esse texto enorme que talvez eu nem leia de novo, talvez seja pra agradecer como tudo aconteceu. Apesar de sofrido, se o caminho não fosse esse, eu não teria aprendido a andar sozinha e a ler a bussola. Em 2018 eu passo/passei por uma nova transição, que não teria sido possível se a primeira não tivesse acontecido. Toda a força e a resiliência que adquiri durante esses fatos foram e são essenciais pro cumprimento da minha passagem, ainda mais revolucionária.<br />
<br />
Se a Amanda de 2015 não é igual a desse ano, definitivamente a Amanda do início de 2018 não será a mesma que entrará no ano que vem. Tantos desafios foram aceitos, tantos véus caíram, tantas amarras se romperam ou afrouxaram, tantas luzes surgiram e tantas sombras foram iluminadas e acolhidas. Posso dizer que aprendi a ser eu e, pela primeira vez, a respeitar isso. Sigo no trabalho para firmar, limitar, expressar. O casulo se formou e estou no meu período de transformação.<br />
<br />
Continuo com todas as características que as Deusas me concederam, só que não mais ser Barbie. No fundo, talvez, eu nunca tenha querido - só não tinha chegado tão fundo pra perceber. Não sou perfeita e ainda vejo defeitos nas minhas pernas meio pra dentro e nas olheiras que por tanto tempo entupi de maquiagem. Mas eu descobri algo muito mais incrível do que ser boneca: ser livre. E tudo bem os meus defeitos, eles são meus também. Tudo bem às vezes tolerá-los e às vezes não suportá-los. E abraçá-los.<br />
<br />
Não quero mais a aparência, nem a feminilidade, nem o engessamento, nem o sorriso obrigado, nem a perfeição, nem ser o que esperam de mim, nem nada que não venha de dentro. Digo isso para me presentar com o veredito de que vou atrás da minha liberdade.<br />
<br />
E aceito, porque eu quero muito mais do que isso.<br />
Quero me dar a oportunidade de ser infinitamente mais.<br />
Que venha mais um ano novo na minha história.Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-52919535147750791792018-11-18T15:08:00.000-03:002018-11-18T19:31:03.277-03:00De para mim (remetente e destinatário)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_9C1wBlRa6yD2UhjbSW9DL4rcvLBQNcm8SR4Ki1AZAdhJQ0Y3HLbcmPW2_K0SltKknk_MLjiFNQgtSvWRNVsVzjinknEDJgNO5aVrne9mbW7v_FKEoRouOouCl6MRrPCUUiLdRxKPDGY/s1600/968556ea98a13f32b.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="312" data-original-width="420" height="474" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_9C1wBlRa6yD2UhjbSW9DL4rcvLBQNcm8SR4Ki1AZAdhJQ0Y3HLbcmPW2_K0SltKknk_MLjiFNQgtSvWRNVsVzjinknEDJgNO5aVrne9mbW7v_FKEoRouOouCl6MRrPCUUiLdRxKPDGY/s640/968556ea98a13f32b.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
Eu já não sou aquela que pensava que pra amar tinha que sacrificar tudo, inclusive a mim mesma, que acreditava que amar era sinônimo de abuso e de sempre abrir mão. Pouco resta daquela que só sabia ser par, que só sabia acompanhar, que queria o outro em detrimento de si mesma, em qualquer relação que fosse. Segundo lugar era mais que o suficiente (às vezes nem essa posição eu cobrava), era só<br />
Dar<br />
dar<br />
dar<br />
<a name='more'></a><br />
Eu já não sou mais aquela, mas de alguma forma, ainda sou. Era eu, sou eu. Como chegar aqui sem sê-la? Você entende? Tive que passar por tudo o que eu passei, sentir o que senti, aprender o que aprendi, chorar o que chorei (minhas lágrimas jamais foram tão minhas quanto agora), pra chegar no lugar onde estou e ainda há tanto caminho<br />
Há uma infinidade de oportunidades, escolhas, opções, destinos, coincidências, histórias, sentimentos, caminhos, estradas, portas e janelas e asas e ventos<br />
Cabe só a mim definir o que me faz sentido. É assustador e libertador no mesmo instante<br />
<br />
É a minha hora e eu me darei o tempo que for necessário para entender tudo o que eu preciso, as nuances entre o céu e o mar, a distância entre a minha razão e emoção, o pulo no abismo e o mergulho profundo na luz, pôr cor nas sombras. Colecionar todos os meus pedaços.<br />
<br />
Se eu pudesse mandar um recado pra mim mesma no passado, eu diria<br />
"Tudo bem, menina. Não precisa ser forte sempre, mas você pode ser também, e sensível. E ver o melhor das pessoas. Isso não é defeito. Só olhe mais pra você, veja a sua grandiosidade: ninguém pode te limitar. Você é um encontro das ondas violentas e das pedras na praia, o barulho e o silêncio que vem depois<br />
Não seja vítima de ninguém e nem a sua própria. Você viveu tudo isso para despertar esse fogo<br />
agora brilhe<br />
arda<br />
queime<br />
ilumine tudo ao seu redor e seja o seu próprio sol"<br />
<br />
Todos estão carentes de mim e perguntam porque/pra que mudar<br />
Sentem medo quando me veem indo embora<br />
E pela primeira eu não sinto carência<br />
Me vejo grande, inteira e possível pra mim.Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-1761287167994170122018-11-07T23:30:00.001-03:002019-07-30T12:13:26.957-03:00 Do amor real<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicSfAUmLQsjd85yWMt8WO0UaZVQXaGZNTUSjZ_AIPrEWEcX8EV7MmBGPwwDRbEBX4EdeOiPCJmDQzOCyLzfJX62Kosn-N_Vmhiz-xM6wm2_PQDRwJeEbs3a485snKsTnbuNTpwpUgO8Hw/s1600/love-amor-proprio-eu-me-amo-perdoar-prova-de-amor-cora%25C3%25A7oes-tumblr-blogger.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="333" data-original-width="500" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicSfAUmLQsjd85yWMt8WO0UaZVQXaGZNTUSjZ_AIPrEWEcX8EV7MmBGPwwDRbEBX4EdeOiPCJmDQzOCyLzfJX62Kosn-N_Vmhiz-xM6wm2_PQDRwJeEbs3a485snKsTnbuNTpwpUgO8Hw/s640/love-amor-proprio-eu-me-amo-perdoar-prova-de-amor-cora%25C3%25A7oes-tumblr-blogger.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
- Eu não sei, mas estou com várias ideias. Vou sair de casa, não sei pra onde, mas vou. Talvez morar em outro bairro, talvez um intercâmbio em outro país e talvez nem voltar. Estou aberta às opções.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
- Eu passei em uma universidade de Portugal quando era mais nova, mas não fui por conta do meu namorado na época, que hoje é o meu marido. Não sabia se ele ia me esperar voltar...</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
- Amo meu namorado e isso não me impede de alçar coisas maiores, que podem ser decisivas na minha vida. Estou em um momento de sentir a liberdade e sentir que posso fazer tudo o que quero, pela primeira vez. Passei tanto tempo pensando no que os outros queriam... agora é a minha vez.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
- Mas você acha isso porque ele não deve ser AQUELA pessoa, sabe? Se fosse, você não teria essa vontade. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
</div>
<a name='more'></a><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Foi a conversa que aconteceu em uma noite qualquer, de uma semana qualquer, em um curso de uma faculdade qualquer, entre três amigas. Pedi as contas de quantas vezes já participei de diálogos assim. Isso me incomodou, assim como quando se estabelece, quase sempre, que as mulheres devem abrir mão de suas vidas em nome de um amor, homem, que seja louco, sofrido, destruidor de sonhos. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Ah, o amor romântico...</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
É tão mais fácil pôr a culpa no outro sobre a nossa falta de coragem de viver nossos sonhos. É tão cômodo viver em função de alguém pra não assumir sua própria covardia. E depois jogar na cara do par tudo o que você fez por ele. Como pode ele não retribuir, se passei a minha vida toda ao seu dispor? Sempre fazendo todos os seus gostos, sendo vítima de mim mesma e agora te condeno por todos os abusos que eu me cometi.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Por que a gente tem essa mania feia de misturar amor com apego, com posse, com domínio? Osho defende que pouquíssimas pessoas chegam a amar realmente, pois é um estágio tão sublime que, sabendo amar, não se quer saber de outra coisa. Mas o amar defendido pelo guru é o da compaixão, da liberdade. Algo que, infelizmente, vejo que estamos bem longe de alcançar nesse momento.</div>
<br />
Não estou dizendo aqui que deve cada um ir prum lado e acabou-se, que não se podem fazer planos juntos ou repensar algo que tinha sido por você colocado como meta da sua vida. Mudamos de ideia a todo instante e alguém que entra em nossa vida pode sim alterar o itinerário da viagem. O meu ponto é: até onde a escolha é sua? Qual o percentual de você em suas decisões?<br />
<br />
Porque, olha, dar a direção do seu destino pra outrem é 100% de chance de dar em merda. Em alguma hora, a bomba estoura, porque não é o suficiente ser passageiro. E tem gente que só passa, toda a vida, nunca conduz. Querer realizar sonhos é natural, todo ser humano tem expectativas. E tudo bem se a sua é só sua. Mudar de cidade, fazer uma viagem internacional ou querer passar uma semana sem ver o namorado não quer dizer que você o ame menos. Talvez você até o ame mais, a ponto de ter abertura pra voar sem medo.<br />
<br />
Talvez você "só" se ame. E assim, poderá amar mais as outras pessoas.<br />
<br />
O amor próprio se tornou mercadoria rara numa sociedade em que somos o tempo todo instigados a buscar por todos os lados o que só brota de dentro. E assim, vamos jogando nossas frustrações, desejos, insatisfações e prazeres superficiais nas outras pessoas. E isso não é amor. Deve ser apego mas não tenho certeza ainda. Só sei que coisa boa não é. O nascedouro da compaixão está dentro de cada um. Só se amando é possível dar e receber o amor real de outra pessoa.<br />
<br />
As coisas mais difíceis pra nós são as simples e o amor é tão que não exige sacrifícios. Na tentativa de racionalizar tudo, a gente acaba não sentindo nada e tem coisa que só dá pra decodificar com o coração mesmo. É mais fácil aceitar, inclusive o medo e a covardia de se amar. É o primeiro passo pra toda a revolução.<br />
<br />
E sobre a pessoa certa, só existe uma e é você: que tem a dádiva de se conhecer e deixar a sua vida fluir pelo caminho mais incrível e transformador possível - inclusive pra contar com alguém que te ame tanto a ponto de você ser livre com você mesmo. Não deve haver nada mais certo do que isso. Quando a gente entende isso, se liberta. E assim, vira propagador do amor real.<br />
<br />
P.S. E também tá tudo certo em querer ficar. Que fique por você. A decisão é só e somente de cada um: sua! Tomar posse desse poder é a maior prova de amor real que você pode se dar e ao universo, também.Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-13793468899417766022018-11-05T11:21:00.000-03:002018-11-05T11:22:19.581-03:00Lynx lynx<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiY-PKqJQSWpYBDILpLUDlGLtyo2Tfc7s_jETj6tYO79Mjz9edK6tlGc-YED7jn0upEh3ne-DS-dONB9ow5L6Rj0B8OwQzlmOnMeiXdKURvk5i4EmAlIFUX4N2mUpW7ZNie7bi1ad6NJDI/s1600/4199a8c65878fc11dc3669e0863963a6.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="443" data-original-width="564" height="502" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiY-PKqJQSWpYBDILpLUDlGLtyo2Tfc7s_jETj6tYO79Mjz9edK6tlGc-YED7jn0upEh3ne-DS-dONB9ow5L6Rj0B8OwQzlmOnMeiXdKURvk5i4EmAlIFUX4N2mUpW7ZNie7bi1ad6NJDI/s640/4199a8c65878fc11dc3669e0863963a6.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
Da família Felicidae, felina. Um animago, diriam no mundo bruxo<br />
Ainda que preserve a forma humana, na maior parte do tempo<br />
ostenta olhos de lince<br />
certeiros, profundos, penetrantes<br />
Às vezes pesados, às vezes sorrindo<br />
Uma benção e uma maldição: ela transforma em prece<br />
É preciso enxergar mais longe, aquilo que ninguém se atreveria<br />
<a name='more'></a><br />
As vibrissas captam o perigo, profetizam o ambiente<br />
Sensibilidade que sobe pela calda curta e deslisa até as pontudas orelhas<br />
Tradução de sutileza e elegância<br />
Tudo ao seu redor se curva<br />
a majestade<br />
de quem eleva o status de rainha a décima potência<br />
sem juba sem coroa sem domesticação<br />
Assim sendo, nem leoa e nem gata<br />
Não ataca por vaidade e nem expõe suas estratégias de caça<br />
<br />
Poucos tem o privilégio de chegar perto e vê-la por inteiro<br />
Ela é rara<br />
mas nada que dela se aproxima lhe é estranho, seja pedra, planta, bicho ou humano<br />
Maria Bethânia logo adiantou<br />
que ela crê no que vem da escuridão<br />
<br />
Coleciona leves passos sobre a grama molhada, flutua na neve<br />
Não se engane com a sua descrição<br />
com visão de raio x, ela-animal não se afoba<br />
monitora a presa até estar perto o suficiente prum bote rápido e indolor<br />
e volta vitoriosa para o reduto na noite adentro<br />
Saciada e satisfeita<br />
Pronta para voltar ao corpo bípede<br />
<br />
E, assim como em sua vida selvagem,<br />
usar sua ternura para equilibrar o ecossistema que a cerca<br />
Um dos seres mais complexos e incríveis que já habitou a terra em seus bilhões de anos<br />
A natureza, o universo<br />
levam todo o crédito pela criação<br />
(e agradeço por ter descoberto que nada nesta vida é coincidência)<br />
<br />
O seu legado,<br />
a sua dádiva,<br />
é guiar.<br />
E quem consegue decifrar o enigma escondido em sua íris<br />
pode encontrar o divino em si mesmo.Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-36045298684626368362018-11-01T11:46:00.000-03:002018-11-02T20:39:47.062-03:00Só a liberdade me interessa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh85PR2VayNkfJSyo7rAMO0-lZEELvn8yJUc_PFRx-Wve6HwM9rc1dKESdbOzrOrqojvKfikuPaHIcya6r71ooUiBmVwQdMhtomR21G1NJymeIfvqjilr2GQRpJfOb9VUdr-zriq5wt_DY/s1600/mulher-felicidade.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="366" data-original-width="564" height="414" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh85PR2VayNkfJSyo7rAMO0-lZEELvn8yJUc_PFRx-Wve6HwM9rc1dKESdbOzrOrqojvKfikuPaHIcya6r71ooUiBmVwQdMhtomR21G1NJymeIfvqjilr2GQRpJfOb9VUdr-zriq5wt_DY/s640/mulher-felicidade.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
Há pouco tempo eu descobri que não tenho nada de pequena.<br />
<a name='more'></a><br />
Não tenho nada de tímida, de quieta, de calma demais. Quando eu não entendia o meu tamanho, todos esses rótulos chegavam e se instalavam. E eles me foram repetidos tantas vezes que internalizaram. Pois, aviso neste minuto aos senhores que podem vir buscar suas crias: não quero nada que não seja meu, não quero nada que me empurrara garganta abaixo ou que eu me forcei ser. Vou me compensar por todas as vezes que me diminui pra caber nas expectativas alheias, a porta é sempre um caminho pra quem não tem espaço de me receber inteira.<br />
<br />
Eu recebi meus cinco minutos de liberdade e foi mais que o suficiente para me dar o veredito: posso ir pra onde eu quiser! E eu quero me arriscar, me jogar. Às vezes dá errado e recomeçar um pouco mais sábia. Ter esperança e fé naquilo que é maior do que eu e me guia. Reconhecer que sou muito mais que carne, osso, expectativas, frustrações, sentimentos, dualidade, prazer e tudo mais o que vier nesse pacote do corpo terreno. Quero o manejo de criar as minhas realidades mais genuinamente felizes.<br />
<br />
Já não aceito:<br />
eu não sou criança, nem calada e nem sensível demais, muito menos exagerada<br />
não sou feia, não sou o que você pensa e nem o que você vê<br />
nem o que eu penso de mim mesma<br />
não sou suas expectativas sobre mim ou as minhas e nem controlada por outrem<br />
não sou sua<br />
<br />
Digo o não e sigo. Sem mágoa, só firmeza e consciência no que pra mim faz sentido. Aos poucos, deixo as amarras, as chantagens, as raivas pra trás. No caminho, vão ficando as palavras, o que não serve mais, os entulhos descartados nos locais propícios. Assim, cresço e apareço. Me responsabilizo, ganho volume e espaço. Sou grande, sou infinita - como a minha autonomia. Sou extensa e assim sendo, não tenho fim. Tomei as rédeas e ninguém mais me toma.<br />
<br />
A minha liberdade é leve como o bater de asas de um passarinho.Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-14812852550752781822018-10-31T13:51:00.000-03:002018-11-01T11:07:38.383-03:00Torre de Marselha<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEji-v7zLQPIHoxqJ1Svdwb07XWyPraW8e7N4HLkCQbK9aiLj7qzi-kXyvhgys3vX0vL5II_WZV0ZMH1KzfNFw_zvOP1DWDhZJq722NThfRlkliyb-1gEyD3H70UrczCRnnvbjQKNgU2j04/s1600/12065736_910754265658169_3834018490766470811_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="342" data-original-width="360" height="380" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEji-v7zLQPIHoxqJ1Svdwb07XWyPraW8e7N4HLkCQbK9aiLj7qzi-kXyvhgys3vX0vL5II_WZV0ZMH1KzfNFw_zvOP1DWDhZJq722NThfRlkliyb-1gEyD3H70UrczCRnnvbjQKNgU2j04/s400/12065736_910754265658169_3834018490766470811_n.jpg" width="400" /></a></div>
Ela tem o poder da desestrutura<br />
desmonta, desfaz<br />
O chão se abre<br />
O corpo em queda-livre<br />
As paredes balançam e os olhos percebem o que não tem mais lugar,<br />
O que era fixo já não é - nunca foi, na verdade<br />
A ilusão é fruto do medo<br />
<br />
A cratera se abre<br />
pra que lado eu vou não sei, só não posso voltar<br />
Um segundo que permeia a eternidade<br />
Entre o espaço e a velocidade, o tombo<br />
Tudo balança, roda, gira<br />
Parece parado no instante, mas está uma oitava acima<br />
Situações que se repetem: o que eu ainda posso aprender com esse espelho trincado?<br />
<a name='more'></a><br />
A escada já não tem degraus e eu desliso em direção ao escuro<br />
Já não há bússola nem estrela-guia, só a fé em algo maior<br />
dentro de mim<br />
A pressa se foi, estou calibrando a minha intuição<br />
enquanto tudo cai ao meu redor.<br />
Mas do chão eu não passo<br />
<br />
Estou no topo da torre<br />
que eu construí com tanto apego e agora preciso deixar ir<br />
O caminho está interditado pela estrutura, me encontro em obras<br />
Desestrutura<br />
Aberta para o que pode ser construído e transmutar<br />
O que ficar de bonito<br />
e o que ficar de escombro e demolição:<br />
a minha essência<br />
e essa nunca vai me deixar em desamparo.<br />
<br />
- estou pronta para desabar no desconhecido.<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<i>"Alzira bebendo vodka defronte da Torre Malakoff</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Descobre que o chão do Recife afunda um milímetro a cada gole</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Alzira na Rua do Hospício, no meio do asfalto, fez um jardim</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Em que paraíso distante, Alzira, ela espera por mim?"</i></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Alzira e a torre, Lenine.</b></div>
Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-70968060768120276672018-10-18T17:37:00.000-03:002018-10-18T17:37:18.670-03:00Chiaroscuro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8R5ii-WOYkJTpFAyOvrLkmZWK2vB56YL2eshsUrEaCfeDY41oLA5Ggzwj_p2XUD0V9bNxHoGDKrEDZ5f6VEdGPFp_Gq6TKW4HkKfXaTRHU9G87q32QXcjd9Jehbh6uCBDczC7VZIPFuw/s1600/httpo4s-tumblr-compost51525159809ser-mulher.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="354" data-original-width="500" height="452" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8R5ii-WOYkJTpFAyOvrLkmZWK2vB56YL2eshsUrEaCfeDY41oLA5Ggzwj_p2XUD0V9bNxHoGDKrEDZ5f6VEdGPFp_Gq6TKW4HkKfXaTRHU9G87q32QXcjd9Jehbh6uCBDczC7VZIPFuw/s640/httpo4s-tumblr-compost51525159809ser-mulher.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
Claro e escuro<br />
Contraste, perspectiva, profundidade<br />
Sem linhas de contorno<br />
Quando os limites dos objetos e do fundo se encontram<br />
Cria-se o volume<br />
Luz e sombra não em oposição, mas em composição<br />
Completude<br />
<a name='more'></a><br />
Abraço o meu corpo<br />
com todo o cuidado de quem ama todos os seus detalhes<br />
e recebo tudo, tudo<br />
tudo<br />
O que ele é. Tudo isso sou eu.<br />
Já não há muros, paredes, distâncias, problemas, desencontros<br />
só o ponto de vista.<br />
Eu sou isso tudo e ainda mais.<br />
<br />
O espaço entre a tela e o pintor, a harmonia das cores que dançam<br />
A mistura,a água que limpa e mistura<br />
Encaixe e desencaixe<br />
A primeira pincelada e a última<br />
a que antecede a perfeição<br />
a que antecede o borrão<br />
<br />
Uma palheta de infinitas tonalidades,<br />
Obra de arte em constante construção.Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-1906845275670447202018-10-16T17:24:00.004-03:002018-10-17T11:35:40.705-03:00O dia em que eu enfrentei o medo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5OT57-R70_fLOydPVnCQWpQpBNXMKKci7lGDh2a1E0m53yqeNMpT-whNkUSBa0F8xLjpRYqW7w4UH7fyyYFjVHAPpyq5NjSKY4yxz89UOBtWCcMfzc-3_eluFSZpTs7tAwa5ZSVC-Ggk/s1600/tumblr_static_tumblr_static_filename_640.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="359" data-original-width="640" height="358" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5OT57-R70_fLOydPVnCQWpQpBNXMKKci7lGDh2a1E0m53yqeNMpT-whNkUSBa0F8xLjpRYqW7w4UH7fyyYFjVHAPpyq5NjSKY4yxz89UOBtWCcMfzc-3_eluFSZpTs7tAwa5ZSVC-Ggk/s640/tumblr_static_tumblr_static_filename_640.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
Lembro da sensação, mas não tenho memórias exatas do que aconteceu nesse dia<br />
Se eu tivesse, ainda assim, seria difícil usar as palavras pra definir algo que ainda nem consegui nomear<br />
Certas peças que faltam na lembrança do fato, lapsos <br />
Do que me roxeou o corpo, me levou pedaços de pele e desencadeou inúmeras palpitações<br />
Foram segundos. No máximo um minuto mas não chegou a tanto<br />
O dia em que eu enfrentei o medo<br />
<a name='more'></a><br />
Essa semana me rotularam radical e eu me ofendi<br />
Sabe o quanto que engoli e me afoguei em nome de manter tudo bem? evitar conflitos?<br />
As quedas alheias e as minhas, principalmente as minhas<br />
nunca foram uma opção<br />
Aprendi logo a ser equilibrista, tipo aquele pessoal de circo que consegue colocar pratos nas mãos e nos pés e ainda rodá-los, eu me tornei<br />
Nunca deixei um prato sequer cair - porque era o melhor que eu podia fazer<br />
Só não por mim<br />
<br />
Com o tempo fui ficando com dores na coluna, nas mãos, no dedo, na alma<br />
O que era ainda mais insuportável<br />
Como eu precisava gritar! E como esse grito era sempre abafado e censurado por mim mesma<br />
Mas eu vinha me liberando dessa obrigação e a queda foi um ritual<br />
De libertação, dor, coragem, corpo e controle<br />
Meu e apenas meu, mas já não tão apertado feito antes. Preciso afrouxar o laço para não<br />
romper<br />
Os pratos voaram todos, quebraram todos e eu nem me preocupei em procurar os cacos<br />
Não é mais problema meu<br />
<br />
Acelerei, freei, bati, me arranhei, me cortei me rasguei no asfalto<br />
Nunca pensei que cair pudesse ser solução<br />
Eu consegui soltar<br />
Passo um remédio que arde para limpar os vírus e bactérias e ajudar na cicatrização todos os dias<br />
As pernas recebem gelo de hora em hora para conter o inchaço<br />
Mas agora as feridas estão todas expostas, posso vê-las<br />
E assim cuidar de cada uma delas<br />
Eu cuido<br />
<br />
Vi a pele sair e mostrar as camadas mais sensíveis do meu corpo<br />
E vi também ela voltar, se regenerar aos poucos<br />
O sangue voltou, o tecido também,<br />
novos, bonitos, intactos<br />
O processo de cura começou.Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-58280588641024579212018-10-11T12:20:00.001-03:002018-10-16T16:46:45.228-03:00Vômito I<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifUmCGq_GY2XfIQ8bxw6Kn4NZi6QvsiSn3EH9E3GRyslvJGzbi6dZeQebzXsaXpAsl8RLK0T1VRE74WBhk_YmYz_LP5kQ7NECkCO5t346OEh7l5k4FHeyjiihMyD1RtOBb7RY9l8h-fKY/s1600/vomito_mental_by_kelpykrad-d74r64n.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="603" data-original-width="900" height="428" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifUmCGq_GY2XfIQ8bxw6Kn4NZi6QvsiSn3EH9E3GRyslvJGzbi6dZeQebzXsaXpAsl8RLK0T1VRE74WBhk_YmYz_LP5kQ7NECkCO5t346OEh7l5k4FHeyjiihMyD1RtOBb7RY9l8h-fKY/s640/vomito_mental_by_kelpykrad-d74r64n.png" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
Nem todo texto é pra ser bonito, na maioria das vezes é só uma forma de sobreviver ao caos. É como vomitar aquilo que não desce, faz mal ao estômago e envenena o coração.</div>
<div class="separator" style="clear: both;">
*</div>
<div class="separator" style="clear: both;">
</div>
<a name='more'></a><br />
<div class="separator" style="clear: both;">
Minha garganta trava, por ela não passa nem a saliva já tão conhecida pela boca quando sinto a energia de ódio que paira sobre nossas cabeças. Me adoece, me deixa fraca, atinge diretamente as minhas vísceras numa dor aguda de quem vê o quanto que a gente perde a cada segundo que se insiste num caminho tão sombrio. Será o nosso medo de ser feliz tão grande que a gente precisa acabar com todas as chances do outro também? Por que a autodestruição tem sido tão encantadora aos nossos olhos?</div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
Eu abro os olhos e sou bombardeada por um milhão de mentiras e um milhão de verdades que eu gostaria que fossem mentiras. Nem ao menos com a honestidade se pode contar - ninguém é digno de expor as suas reais intenções e se escondem nos dedos que apontam para os outros, na verdade absoluta que existe em suas realidades alienadas e até mesmo por trás do nome daquele que só veio ao mundo por amor e nada mais. Talvez a maior vantagem que ser um animal 'racional' nos traga é a nossa hipocrisia. É o que faz com que consigamos deitar a cabeça em um travesseiro confortável a noite e dormir.</div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
Ela e tudo o que vem junto é muito mais atrativo que o amor, claro! O amor não pede máscara, não pede egoísmo, não pede controle. Quem ama, solta. E falo de amar no sentido mais amplo e intangível possível. Mas o carma vem e a gente toda vez escolhe ter razão ao ser feliz. E passaremos milhões de anos nesse looping infinito até aprender a amar. A amarmos as coisas que não entendemos e não concordamos, mas entender que há um motivo pra que ela assim exista. O problema é que estamos muito atrasados, repetindo a mesma série sem parar.</div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
Enquanto a gente não olhar pra dentro e perceber que o problema é nosso se achamos um LGBT espalhafatoso demais, se não gostamos de negros ou achamos que mulheres são inferiores por qualquer motivo que seja, continuaremos cercados de energias sombrias. Isso fala muito mais sobre a conduta de quem pensa do que de quem é apontado. E, porra, isso é tão óbvio! Mas vivemos em tempos que o óbvio precisa ser repetido incansáveis vezes. Olha só outra obviedade: se invade a liberdade do outro, não é opinião!</div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
Opinião é gostar ou não de picles. Desejar que uma pessoa morra ou que seja subjugada por uma característica que é inerente a ela é ódio! E estamos tão perdidos que discursos assim são vistos com naturalidade. Ou seja, cada vez mais a violência é oficializada. As pessoas perderam o receio de colocar pra fora todos os seus preconceitos, ainda que sejam velados, o que é ainda mais sério. A boca amarga e o coração lastima essa atmosfera tão tóxica. Mais ainda por saber que o ser humano tem potencialidades para ser bem melhor que isso. Mas quem pode fazer o bem também pode fazer o mal, porque temos a escolha. E certa vez ouvi em algum lugar que só quem pode amar infinitamente é quem teria a capacidade de ser extremamente odioso.</div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
Me ensino todos os dias a ser um pouco mais amorosa e tolerante. Que o passarinho que me disse tal frase esteja certo e que essa onda de ódio passe rápido, abrindo espaço pra um amor incondicional. O medo precisa ficar pra trás e cada um seguir a missão pela qual foi posto no mundo. Já passamos tanto tempo a deriva que precisamos nos encontrar de novo. Vamos nos ferir até perceber que todo o caminho percorrido não nos levou a lugar nenhum.</div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
Luto comigo mesma porque eu sou de carne e osso. E ego. E tenho também raiva por quem me oprime, medo do que pode vir a machucar a minha existência. Mas entendo que estes ainda não despertaram e estão ainda mais perdidos que eu. Brigo todos os dias para me fazer entender isso, pra tentar acolher as minhas luzes e as minhas sombras e as pessoas. É um trabalho árduo, é briga entre o que é dito racional e emocional, mas não vejo outro caminho que não seja pelo amor. Então que eu comece por mim mesma.</div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
Não vou me tornar o meu inimigo pra vencê-lo porque eu não quero ter inimigos. Mas resistirei a todos os ataques que firam quem eu sou. Não vou me calar. Serei vozes e luta justa.</div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
Que as sombras se mostrem, porque é preciso, mas que não nos deixemos sermos engolidos por elas.</div>
Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-13579854904430097522018-10-09T14:05:00.002-03:002018-11-01T11:54:12.319-03:00Minha voz é uma flor<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipEmQ2m4T22teOkB97qN5n7i3lgaZX9W8Ie34jWO5uPXxftO7rshXwSRVmHLaXLjYyPHku0hiGnOQg93zxZdxFbwvEprypUOckwMMzEiBVfENA1NC8q_owl39dC8d8xTtYdUrIp6PF8bQ/s1600/YutakaKitamura03.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="281" data-original-width="500" height="358" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipEmQ2m4T22teOkB97qN5n7i3lgaZX9W8Ie34jWO5uPXxftO7rshXwSRVmHLaXLjYyPHku0hiGnOQg93zxZdxFbwvEprypUOckwMMzEiBVfENA1NC8q_owl39dC8d8xTtYdUrIp6PF8bQ/s640/YutakaKitamura03.gif" width="640" /></a></div>
<br />
Por muito tempo fui muda.<br />
<br />
<a name='more'></a>Carreguei sementes que nunca germinaram porque não viram a luz do sol ou recebem uma gota de água sequer. Eu as engolia com tanta ferocidade, achando estar matando uma fome que só aumentava pela excesso de mortes e escassez dos frutos. A pilha de plantas que nunca chegaram a ser só aumentava e eu me enterrava entre as palavras que deixaram de ser ditas e viraram bolas e mais bolas de dor e choro na garganta.<br />
<br />
Não foi da noite pro dia que recuperei meu jardim. Foi um trabalho árduo de recuperação da terra, renovação da plantação e virar broto. Leva um tempo até tudo isso se desenvolver, sabia? Nenhum despertar verdadeiro acontece de forma rápida, porque é difícil pra caralho. É uma dor de querer rasgar a pele e sair do corpo tirar de baixo do tapete toda a sujeira acumulada por tanto tempo, até pelo apego que a gente nutre pelo lixo. Separar o que é preciso ser esquecido do que precisa ser afirmado e do que precisa ser reafirmado com urgência. Do que precisa ser perdoado. Abraçar as coisas mais feias que se tem dentro e encontrar alguma beleza nisso.<br />
<br />
Um processo que, sem medo de errar, digo que durará o resto da minha vida. Mas hoje eu conquistei a coragem e a dignidade de não deixar que o lixo se acumule a ponto de tapar as minhas vias aéreas, de fechar minha garganta, de dar nó de marinheiro nas minhas cordas vocais. Alguns grãos ainda morrem no meu jardim, ainda não sou jardineira, mas estou aprendendo. Me permitindo tentar cuidar desse meu pedaço de terra. Você me entende?<br />
<br />
Eu brotei!<br />
As palavras às vezes nascem tortas, com muita força ou sem impulso o suficiente<br />
às vezes menos bonitas ou lógicas do que pareciam na minha cabeça<br />
mas elas saem! São expressivas, frágeis, fortes<br />
E minhas. Minha voz.<br />
Minha semente mais bela virou flor.Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-81680413186605567032018-09-26T17:23:00.000-03:002020-03-03T14:16:20.058-03:00Vermelho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMV51AlE4oUFvGj2QbmJTh6r8kXUJFCmBxh2ycbY7Oe09nffALJsYrb6Ds-wKQWow5U6WxumTw05OL3cqTrLby9hJZ-hn6PPjRbZEt-Ofzxhh3krFMlitwVDG4wXp1hY9qWg5C951mAQk/s1600/rosa.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="309" data-original-width="602" height="328" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMV51AlE4oUFvGj2QbmJTh6r8kXUJFCmBxh2ycbY7Oe09nffALJsYrb6Ds-wKQWow5U6WxumTw05OL3cqTrLby9hJZ-hn6PPjRbZEt-Ofzxhh3krFMlitwVDG4wXp1hY9qWg5C951mAQk/s640/rosa.png" width="640" /></a></div>
<br />
Eu vi quando surgiu, no meio do escuro, a rosa<br />
a rosa vermelha que chorava, expelia água<br />
do seu mesmo tom<br />
e formava um rio fluido e lento, mas contínuo<br />
eterno e infinito, sem chance para os olhos<br />
<a name='more'></a><br />
Encarnado<br />
a cor do fogo da fênix do sangue e do magma<br />
Muladhara<br />
o chacra raíz, a energia que vem da terra, das vibrações físicas<br />
É a coluna, o sustento, o toque, o orgasmo,<br />
o alerta, a urgência, o cuidado, o quente, a paixão, a dinâmica<br />
A força ativa e a ancestralidade<br />
<br />
Eu ardo em chamas e escorro feito lava<br />
eu me deixo espalhar, acesa<br />
vela queimando até sumir<br />
até virar outra coisa<br />
cera<br />
até virar ao avesso<br />
até encontrar o êxtase entre a minha forma e a minha espiritualidade, que o equilíbrio já não me traz<br />
preciso pendular de um lado pro outro e gozar nos extremos<br />
<br />
Fazer da minha carga, fortaleza. O meu chão<br />
meio árido, meio rochoso, meio rachado, ruivo<br />
Base dos meus incêndios e incandescências fugazes<br />
<br />
Invoco Ogum, orixá da caça<br />
e liberto a minha energia masculina, há tanto adormecida. Ponho pra jogo<br />
a guerra, o ferro, o grito e o limite. Os meus limites.<br />
Ora, arrumo a minha parte noite e com toda gentileza a recolho, em partes<br />
abro espaço: que chegue o dia<br />
e faça bom proveito da nova casa.Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-21162348873484325532018-09-23T21:38:00.006-03:002018-09-25T16:48:26.557-03:00La loba<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk5mqMbQ40Lfd6JPFBv3nXjDYC9z8yYsaT61BHABkJmOSy38kmRmtuTRe2fC0MHQrVoPLJPl31iFs1-ozhyphenhyphen_y-6knaFA0jxs-z0AmN0RUrqjuNp2rA0zfU4ZwLEfoaGwB78bWpKzXmMqU/s1600/fanfiction-justin-bieber-o-lobo-e-a-chapeuzinho-vermelho-2962883%252C070120151944.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="333" data-original-width="500" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk5mqMbQ40Lfd6JPFBv3nXjDYC9z8yYsaT61BHABkJmOSy38kmRmtuTRe2fC0MHQrVoPLJPl31iFs1-ozhyphenhyphen_y-6knaFA0jxs-z0AmN0RUrqjuNp2rA0zfU4ZwLEfoaGwB78bWpKzXmMqU/s640/fanfiction-justin-bieber-o-lobo-e-a-chapeuzinho-vermelho-2962883%252C070120151944.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Eu quero que vá para o diabo qualquer pessoa que um dia teve a audácia de dizer que eu não posso ser quem eu sou, que ousou me julgar, quem se achou importante a ponto de interferir nas minhas vontades. Se for pra ser justa, que eu tenha também o mesmo destino que todos esses por simplesmente permitir acreditar que eu era menos, que eu era o ontem, que eu podia ser limitada e me limitar.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
</div>
<a name='more'></a><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Eu passei tanto tempo achando que não sabia voar, esperando que alguém me empurrasse do ninho. Que me dissesse que tava tudo bem e eu me acostumei a ficar ali, a altura me assustava e o medo era tudo o que eu tinha. E ele foi quem eu fui muito tempo pra satisfazer uma medula que nunca foi minha. Na verdade, eu nem sabia se tinha isso dentro de mim, eu nunca parei pra olhar.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Há algum tempo eu libertei algumas partes aprisionadas, quando me livrei de cada fio liso da minha cabeça, mas ainda haviam muitas vozes presas. Muitos 'não' que não foram ditos, muitos incômodos guardados pelo receio de não agradar, de não encaixar, muita dor sentida que não era minha. Muito dos outros e pouco de mim. Muito deles e nada meu. Eu deixei que tomassem, hasteassem e demarcassem território.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Hoje eu chorei o choro mais profundo da minha vida, o mais verdadeiro e o mais dolorido. As lágrimas borraram meus olhos, escorreram até no meu peito nu e ali alimentaram uma semente a tempo esperando ser semeada. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
- Eu estou tomando o controle da minha vida, eu falei algumas vezes. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Firme, me encarei. Não aceito mais colonização. Cada um tome o direito sobre suas próprias aflições porque eu só cuidarei das minhas. Que venha o buraco, mas que seja meu e eu tenha o direito de descobrir o que fazer com ele. Chega de cobrir com as prioridades de outrem. Basta!</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Eu gritei enquanto me banhava. Lavava o braço e saia barulho fino, esfregava a barriga e uivava o mais alto que eu pudesse. Às vezes abafado, às vezes forte, às vezes agudo. Apenas alguns que colecionava dentro de uma alma desesperada por voz. Muitos ainda precisam sair, eu sei, mas iniciei a minha jornada em busca da minha essência, tantas vezes mascarada e negligenciada. Eu assumirei, acolherei a minha culpa e me libertei dela. Purificação.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Talvez eu descubra que minhas asas não estão presas e talvez eu descubra que eu nem as tenho</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
tudo bem, ser pássaro não é a única opção existe para a liberdade, afinal</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
De repente a minha liberdade é ser loba. Por vezes sou alcateia e por vezes sou solitária</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
e como toda boa loba eu quero uivar</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
e sentir os pelos voando e encontrando a folhagem num lindo campo </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
e quero caçar, rasgar a pele, ver o sangue, me alimentar</div>
ser instinto<br />
<br />
Que eu vá para o inferno, mas eu volto.<br />
Porque eu cansei de ser só a chapezinho vermelho.Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-17096738033002690722018-09-17T12:01:00.004-03:002018-09-17T12:02:23.438-03:00Dor de garganta<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtGEZ00cFxY-KvNBys57R5O07IQtIDlbtbzcieHA9d43MtcfO88ZzZ5PexYb5ldBMED77GGV84royaHeyTzD1N4zckmhQdHc79_lT-u1DioyjSQiXSBlrq9PnYj0oruWIPcHyuIb8uib0/s1600/large.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="317" data-original-width="500" height="404" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtGEZ00cFxY-KvNBys57R5O07IQtIDlbtbzcieHA9d43MtcfO88ZzZ5PexYb5ldBMED77GGV84royaHeyTzD1N4zckmhQdHc79_lT-u1DioyjSQiXSBlrq9PnYj0oruWIPcHyuIb8uib0/s640/large.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
A minha garganta, ela</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
engole, assopra, fecha, mastiga, regurgita, vomita, trava, liberta, prende, arde, come, bebe, fala, cala, guarda, recebe, dá, coça, move, tranca, sufoca, molha, tosse, transforma, evita, foge, bate, autoflagela, machuca, perdoa, redimi, vocaliza, verbaliza, reverbera, emudece, mascara, muda, recorda.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
</div>
<a name='more'></a><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Ela tem</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Força, laringe, faringe, cordas vocais, medo, empecilhos, vontades, liberdade, prisão, felicidade, palavras não ditas, pulso, chaves, secreções, segredos, catarro, cor, bactérias, inchaço, passado e futuro, ansiedade, passividade, água, atividade, cuspe, dualidade, pressão, bocejo, nós.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Ela sente</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
medo, angústia, felicidade, alívio, o ar, a comida, o sentido, as doenças, o que ficou guardado, o que já foi e o que vem, intuição, respiração, palpitação, choro: preso e solto, princípio de sorriso que vem do coração, o riso que vem da barriga, as borboletas, prisão, insatisfação, desejo, transição, passagem, mudança.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Tenho passado dias de dor intensa com a minha garganta e os intervalos entre eles são cada vez mais curtos</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
O incômodo faz parte do mundo mais palpável: eu tusso, ela arde; eu calo, ela cansa; eu me movo, ela secreta; eu me irrito e ela me lembra</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
que a maior dor que eu sinto não é nenhuma destas</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
A minha maior dor de garganta é que ela não grita minhas urgências </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
e não há aflição física que seja pior</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
do que calar a voz da alma.</div>
Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3820489685658958534.post-25936753290639168892018-06-11T15:02:00.003-03:002018-06-11T15:02:38.155-03:00Reação em cadeia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXW7el_LP4ilg3lPMly1TS3k0I6E5nS_Gvny_YLSZsbdcVOtmwiNeXR09CyYj8SyegG1j3gMO8Ho4D8TUoitTIEaWrEetOARaHbSKTJ6GG_QykQO3hYMnYEiCUd96dASmi2qSCpqslc-Y/s1600/afogada_.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="333" data-original-width="500" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXW7el_LP4ilg3lPMly1TS3k0I6E5nS_Gvny_YLSZsbdcVOtmwiNeXR09CyYj8SyegG1j3gMO8Ho4D8TUoitTIEaWrEetOARaHbSKTJ6GG_QykQO3hYMnYEiCUd96dASmi2qSCpqslc-Y/s640/afogada_.jpg" width="640" /></a></div>
<div>
<br /></div>
A água que escorreu freneticamente pelos meus olhos ontem a noite<div>
já foi:</div>
<div>
parte do oceano, rio desaguando no mar, nuvem precipitando</div>
<div>
Já foi chorada por outros olhos, por outros motivos</div>
<div>
Já fez florescer e aguou jardins e já liberou angústias. Foi início, recomeço e ponto final</div>
<div>
foi respiro no meio do caos, aliviou o meu caos</div>
<div>
me trouxe esperança junto com o raiar do dia</div>
<div>
<a name='more'></a><br /></div>
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Às vezes boio e às vezes afundo</div>
<div>
É a chuva forte e ventosa, evapora no encontro das roupas no varal com o sol quente</div>
<div>
cai pelo chuveiro, limpa o meu corpo, limpa as impurezas da minha mente</div>
<div>
hidrata o meu tecido e me mantem em funcionamento</div>
<div>
toca cada célula, em todo o mundo, em cada ser vivo</div>
<div>
mata a minha sede de saber mais</div>
<div>
<br /></div>
<div>
saber que fui e sou um pouco de cada, desses momentos</div>
<div>
saber que uma coisa não se dissocia da outra</div>
<div>
que meu corpo é finito, mas que eu não sou</div>
<div>
me faz acolher as gotas salgadas e entender que tudo vai ficar bem.</div>
<div>
Me deixo chover.</div>
Amanda Souzahttp://www.blogger.com/profile/11752379588936763195noreply@blogger.com0